“ Seria interessante estudar concretamente, em um determinado país, a organização cultural que movimenta o mundo ideológico e examinar seu funcionamento prático. Um estudo da relação numérica entre o pessoal que está ligado profissionalmente ao trabalho cultural ativo e a população de cada país seria igualmente útil, com um cálculo aproximativo das forças livres. A escola – em todos os seus níveis – e a igreja são as duas maiores organizações culturais em todos os países, graças ao número de pessoas que utilizam. Os jornais, as revistas e a atividade editorial, as instituições escolares privada, tanto as que integram a escola de Estado quanto as instituições de cultura do tipo de universidade populares. Outras profissões incorporam em sua atividade especializada uma fração cultural não desprezível, comoa dos médicos, dos oficiais do exército, da magistratura. Entretanto, deve-se notar que em todos os países, ainda que em graus diversos, existe uma grande cisão entre as massas populares e os grupos intelectuais, inclusive os mais numerosos e mais próximos à periferia nacional, como os professores e os padres. E isso ocorre porque o Estado, ainda que os governantes digam o contrário, não tem uma concepção unitária, coerente e homogênea, razão pela qual os grupos intelectuais estão desagregados em vários estratos e no interior de um mesmo estrato. A Universidade, com exceção de alguns países, não exerce nenhuma função unificadora; um livre pensador, frequentemente, tem mais influência do que toda a instituição universitária, etc. “
(Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere, volume I, pag. 112 – Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2006)
(Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere, volume I, pag. 112 – Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2006)
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