Custo para remodelar cinco arenas e construir outras sete já está em R$ 6,37 bi.
Obras 15% mais caras
Rodrigo Müzell
Custos subestimados e mudanças nos projetos fazem estádios da Copa custarem em média 15% mais do que o orçado – mesmo com obras ainda no início
Em janeiro de 2010, quando o Governo Federal finalmente produziu um documento listando as obras necessárias para realizar a Copa de 2014, a remodelação de cinco estádios e a construção de outros sete custaria R$ 5,54 bilhões. Pouco mais de um ano depois, a cifra que consta nos orçamentos chega aos R$ 6,37 bilhões.
E pode aumentar, temem analistas, já que algumas das obras mais caras, como a do Maracanã, ainda não têm seus projetos apresentados. A discrepância entre os orçamentos iniciais e as planilhas atuais pode ser explicada por dois fatores: custos subestimados e mudanças posteriores.
– Essas diferenças no orçamento não são normais. Indicam que o projeto básico não foi feito com o detalhamento necessário – diz o presidente do Sindicato da Arquitetura e Engenharia de São Paulo, José Roberto Bernasconi.
Para Gil Castello Branco, diretor da Fundação Contas Abertas, mesmo os estádios abaixo da previsão inicial não garantem sono tranquilo aos contribuintes. Muitas vezes, nos projetos não constam materiais e estruturas necessárias.
Adequar um estádio, em vez de construir um novo, pode não ser economia: a reforma do Maracanã deve superar a cifra de R$ 1 bilhão, enquanto a remodelação do Mineirão custará R$ 645 milhões – valor próximo ao da nova Arena do Grêmio e da reforma do Beira-Rio, somados. Na maior parte das sedes, é o governo estadual quem banca a reforma, podendo tomar empréstimo no BNDES.
Com 90% dos investimentos públicos, a preocupação não é só em relação ao custo e ao prazo das obras, mas também com o legado dos estádios.
Arenas precisam faturar R$ 9 mihões líquidos por ano
O Tribunal de Contas da União (TCU) já alertou mais de uma vez para o risco dos estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal se tornarem elefantes brancos. Nas quatro capitais, as arenas vão ser utilizadas por times fora da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
– Vamos apostar na capacidade multiuso da arena, porque nosso futebol realmente não é suficiente – explica o gestor da Arena Amazônia, Ariovaldo Malísia.
Receber shows e abrigar shoppings são opções. Mas para o consultor Amir Somoggi, da BDO RCS, as arenas bem-sucedidas têm a maior parte do faturamento atrelada aos jogos. Para R$ 500 milhões se pagarem, é preciso faturar R$ 9 milhões líquidos por ano, por 20 anos.
As arenas consideradas a perigo pelo TCU não têm ainda um parceiro comercial. Para a consultora especializada em estádios Andressa Rufino, isso é um erro: o uso comercial deve ser pensado desde o projeto. Porém, a prioridade agora é construir os estádios a tempo. O chefe de gabinete do governo do Distrito Federal, Cláudio Monteiro, relata que o governo não tem uma estimativa de lucros e nem de custos de manutenção do estádio que está sendo erguido no lugar do Mané Garrincha, ao custo de R$ 696 milhões.
– Não conheço nenhum estádio que tenha feito essa estimativa – reconhece.
FONTE: ZERO HORA (RS)
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