Há pouquíssimo tempo, mais especificamente em setembro e outubro do ano passado, as vozes do governo federal bradavam aos quatro ventos que tudo estava bem encaminhado, que o futuro era de luzes e alegria, enfim o país já estava e ficaria no firme caminho do desenvolvimento sustentado.
Agora , por sinal quase as mesmas vozes, ou os ventríloquos, sabe-se lá quem seria o boneco, vem ao mundo dizer: Não é mais hora de consumir. É hora de fazer aplicações porque os juros vão ajudar a fazer seu dinheiro render. Consumir vai fazer a inflação subir. Cuidado!!! Temos que combater a indexação.
Foi essa a ladainha entoada esta semana pelo Ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central. O que mudou de tão profundamente nesses sete meses? Houve nova crise econômica ou ainda continuamos na ressaca daquela “marolinha” de 2008?
Que nada, o mesmo quadro permanece, a dinâmica econômica mundial continua essencialmente a mesma, os agentes são os mesmos e quase que na exata posição de um ano atrás. A China com sua moeda subvalorizada e em crescimento, os EUA e a União Européia na letargia, os países em desenvolvimento na mesma batida, querendo ser alguma coisa maior e nunca chegando lá. Nada aconteceu também que causasse espanto ou inversões de expectativas na economia nacional, ao contrário, tudo ficou como dantes ...
O que mudou foi o fato de não mais haver eleição para o poder central imediatamente a vista e, também por não serem autoenganados, nem idiotas, muito pelo contrário, tentam construir agora medidas menos retóricas e mais efetivas, inclusive por saberem que magias de criação de dinâmicas econômicas sobre bases frágeis têm vida curta.
De repente descobrem que a promessa do pré-sal não vira gasolina por obra e graça de discursos e o preço dela vai às nuvens; que a prestidigitação do biodiesel e da biomassa não consegue virar combustível e o preço do álcool dispara; que o espetáculo midiático nacionalista de conseguir a sede da Copa do Mundo de 2014 não garante a construção de estádios e aeroportos a tempo e recorrem a expedientes duvidosos para tanto via privatizações apressadas e “jeitinhos” na lei das licitações; que os financiamentos para construir e entregar habitações para famílias de renda de até 03 salários mínimos no Minha Casa Minha Vida não vingaram e os empreendedores só empreenderam para as faixas de rendimentos superiores e por aí vai ...
Fora isso, parece que estão mesmo se esforçando para fazer renascer a inflação que havia antes do Plano Real, talvez isso explique o que querem dizer quando falam tanto em acabar com a “herança madita do FHC”.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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