Imprensa age como oposição, diz Padilha
Sem citar Palocci, ministro da Saúde afirma que mídia é principal partido opositor e deveria tratar de temas "positivos"
Críticas foram feitas em encontro com dirigentes estaduais do PT; Jaques Wagner pede coesão em época de "turbulência"
Ministro Padilha fala a petistas ao lado do presidente do PT, Rui Falcão (à esq.), e do governador da BA, Jaques Wagner
Cíntia Kelly
SALVADOR - O ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou ontem, em encontro com dirigentes petistas em Salvador, que o principal partido de oposição do país é a "grande imprensa". No discurso, ele não citou diretamente a crise política que envolve o ministro Antonio Palocci.
Para Padilha, a imprensa deveria fazer reportagens sobre assuntos "positivos", como o plano do governo federal de erradicação da pobreza extrema, em vez de tratar apenas de "problemas".
Depois do ministro, o governador da Bahia, Jaques Wagner, falou da importância da coesão do PT, que reuniu 25 dos 27 presidentes estaduais, mesmo em "momento de turbulência".
Na semana passada, Wagner disse, a uma rádio de Salvador, que a evolução patrimonial do titular da Casa Civil "chama a atenção".
Questionado pela Folha sobre a crise envolvendo Palocci, Padilha disse: "Não falo sobre isso". Em seguida, o ministro deixou o local sem responder a outras perguntas. Seguranças impediram que a imprensa tentasse se aproximar dele novamente.
As críticas à imprensa se assemelham aos ataques do ex-presidente Lula durante as eleições no ano passado.
Lula disse, em setembro de 2010, que "quem faz oposição neste país [...] é determinado tipo de imprensa". Durante o encontro, considerado tenso entre os presentes, outros culparam a imprensa pela crise.
"Palocci tem um histórico de competência que não vai ser manchado com denúncias que não passam de orquestração da oposição, que vem naufragando, e com o apoio da grande imprensa", afirmou Eliezer Tavares, secretário de comunicação do PT do Espírito Santo.
A reportagem entrevistou 13 presidentes de diretórios estaduais do PT sobre um possível afastamento de Palocci do governo. Nenhum deles defendeu o ministro.
O presidente do PT gaúcho Raul Pont afirmou, que o seu pedido de afastamento encontrou o apoio de "diversos dirigentes de todo o país".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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