quarta-feira, 22 de junho de 2011

Meta do PT para Nordeste está em xeque

Eleições: Prioridade do partido de manter prefeituras de Recife e Fortaleza esbarra em governos mal avaliados

Cristiane Agostine

São Paulo- A prioridade estabelecida pelo PT no Nordeste está em xeque. Em carta aberta divulgada na segunda-feira, o partido definiu como meta manter-se no comando de Recife e Fortaleza. No entanto, os prefeitos João da Costa e Luizianne Lins amargam a rejeição popular e crises política e administrativa.

A região Nordeste foi a única em que o PT manteve uma trajetória ascendente na eleição para a Câmara dos Deputados nas quatro eleições mais recentes. Em 2010, o partido elegeu ali 25 deputados, abaixo apenas da região Sudeste, onde o partido conseguiu 29 cadeiras. No entanto, o partido tem dificuldades na disputa pelo comando das capitais dos nove Estados da região.

No segundo mandato em Fortaleza, Luizianne Lins apareceu em último lugar no ranking de avaliação das gestões feito pelo Datafolha com oito prefeitos de capitais, no fim do ano passado. A avaliação de petistas é que dificilmente a prefeita conseguirá eleger um sucessor do partido. Na pesquisa, 50% da população avaliou o governo municipal como ruim ou péssimo.

No comando de Recife desde 2009, João da Costa aparece na antepenúltima posição do mesmo ranking e enfrenta, além da rejeição popular, problemas políticos com o PT e o PSB. O prefeito rompeu com seu antecessor e padrinho político, o deputado federal João Paulo Lima e Silva, no início de sua gestão e isolou-se no partido. Petistas dão como prazo máximo o mês de setembro para que João da Costa melhore sua avaliação em pesquisas qualitativas. Caso contrário, devem articular um novo nome para a eleição de 2012 ou poderão apoiar o PSB na disputa pela capital.

Reunidos no fim de semana em Recife, dirigentes e parlamentares do PT do Nordeste traçaram também outras metas: conquistar o comando de Salvador e Aracaju, capitais de Estados governados pelo PT. Nas duas cidades as chances de vitória do partido são maiores. Reeleitos no primeiro turno, os governadores Jaques Wagner e Marcelo Déda devem turbinar as campanhas dos candidatos do partido com obras da gestão no Estado.

No balanço feito por petistas, o partido terá dificuldades para eleger o comando de mais de duas das nove capitais da região. Ao mesmo tempo, o PT aposta no aprofundamento da "relação organizativa e política" em cidades de pequeno porte "que foram responsáveis pelos maiores índices de votação" da candidatura presidencial de Dilma Rousseff em 2010.

Na carta aberta elaborada por dirigentes e parlamentares, o PT atribuiu o sucesso nas urnas na disputa por vagas na Câmara e na candidatura de Dilma Rousseff aos programas do governo federal, da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido lista o crescimento do mercado interno, a expansão da oferta do crédito rural e do microcrédito, investimentos em infraestrutura como a ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco; o Minha Casa, Minha Vida; a interiorização das universidades federais e o investimento na agricultura familiar.

"No Nordeste, a grande maioria das cidades, sem vida própria na arrecadação, depende muito dos investimentos do governo federal", comentou a deputada federal Fátima Bezerra (RN), cotada como pré-candidata à Prefeitura de Natal. "Quanto mais bem avaliada a gestão governamental, maiores são as chances de termos sucesso nas urnas", disse.

A política de alianças seguida pelo PT nos nove Estados do Nordeste deve ser a mesma do governo federal, com prioridade aos partidos do bloco de esquerda: PSB, PCdoB e PDT. O PSD, partido em criação pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, poderá se aliar aos petistas, mas não será prioridade. "O PSD deve girar na órbita do PSB", comentou o deputado e ex-prefeito João Paulo.

O maior entrave nas alianças tende a ser o PSB, o maior aliado e, ao mesmo tempo, adversário do PT na região. O partido comandado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, está à frente de quatro Estados do Nordeste: além de Pernambuco, Piauí, Ceará e Paraíba.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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