Na manchete do UOL, Orlando Silva dizia que não ia pedir demissão coisa nenhuma. No Planalto, o ministro pau para toda obra Gilberto Carvalho anunciava simultaneamente que ele já era.
Foi assim, sob enorme constrangimento, que Orlando Silva finalmente caiu do Ministério do Esporte. Ele lutou o quanto pôde, expôs-se três vezes à humilhação no Congresso, julgou-se protegido por Dilma e respaldado pelo PC do B. Foi o último a jogar a toalha. Quando olhou em volta, estava sozinho.
Com a queda do sexto ministro no primeiro ano de governo, cinco deles herdados de Lula e cinco enrolados com denúncias de irregularidades, Dilma consegue, provavelmente, um recorde internacional. Fosse o regime parlamentarista, o gabinete inteiro já teria caído -talvez até ela própria, se primeira-ministra.
Vão-se os ministros, ficam os dedos dos partidos nos ministérios. Mas Dilma, é verdade, tenta acabar com os "feudos" e a tal "porteira fechada". Livrar-se dos "partidos aliados" ela não vai, menos ainda do PC do B, o verniz de esquerda que ainda resta. Mas deve -e pode- reduzir a margem de risco e de desvios.
É mais difícil haver desvios quando as indicações políticas são mescladas com as técnicas. E mais fácil se um partido toma conta da pasta inteira, fazendo caixa de campanha e se autoprotegendo.
A reforma ministerial vai se fazendo aos borbotões sem esperar janeiro de 2012, quando Dilma esperava, aí sim, fazer uma faxina na equipe herdada (ou imposta) por Lula e, enfim, montar o próprio governo. Até lá, porém, ainda há tempo suficiente para novos e suculentos escândalos, novas e constrangedoras quedas.
A pergunta que não quer calar em Brasília é: quem, e quando, será o próximo a entrar no foco e a cair sob denúncias? É sinal de que, no mínimo, Dilma errou a mão ao nomear boa parte da sua equipe (Ih! É melhor nem lembrar de Erenice Guerra...)
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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