Mais um ministro, agora o dos Esportes, Orlando Silva, do PCdoB, está na rota da guilhotina da presidente Dilma e, mais uma vez, é um dos ministros que vieram da administração do presidente Lula. E, de novo, os “malfeitos” são originados no governo anterior, com outro ministro que agora está filiado ao PT e que na época era do mesmo partido do atual, o qual por sua vez era o Secretário Executivo do Ministério do Esporte, e que tudo isso, por determinação do presidente, era coordenado, supervisionado e fiscalizado pela Casa Civil da Presidência da República, cuja titular era -“surpresinha?” - a tão insensada “gerente do PAC e coordenadora geral do governo”, a atual presidente Dilma Roussef.
Outra coisa que se repete é o jeito “atento” de acompanhar e fiscalizar contratos e os convênios. Da mesma forma que no caso das obras do DNIT executadas por empresas de diretores do órgão - ou de seus parentes; da riqueza meteórica da empresa do Palocci; do lobista que tinha sala no Ministério da Agricultura - perto da sala do ministro; dos cursos para agentes de turismo patrocinados pelo Ministério do Turismo - em lugares onde não há turismo algum, só se descobre que há problemas depois do dinheiro pago, anos depois de começados e, cúmulo dos absurdos, depois de firmados novos convênios, contratos ou termos aditivos com as mesmas empresas e/ou ONGs. E, mais significativo ainda, depois de denunciados pela imprensa.
Não estamos falando de dinheiro miúdo, mas de milhões de reais. Será que alguém ou alguma empresa, em sã consciência ou de boa fé, pagaria e renovaria tais contratos?
Nesse caso específico do Ministério do Esporte somente pediram ressarcimento de aproximadamente R$ 3.000.000,00 ao final do convênio. Perguntas que não querem calar:
Não houve acompanhamento?
Não existiam etapas e fases para a liberação de recursos, como é a praxe?
Não se liberariam as verbas para as etapas seguintes após prestação de contas das etapas anteriores, como determinam a boa administração e as normas legais?
São situações, ao meu ver, mais sérias e mais delapidadoras dos recursos públicos, porque persistentes, permanentes e difusas que criam métodos e práticas criminosas gerais e institucionalizadas. Mais graves que a já gravíssima denúncia de que o ministro ou altos funcionários tiriam recebido caixa de palelão com pacotes dinheiro no estacionamento do Ministério.
Um ato desse tipo dá até cena de novela e de filme policial: na penumbra do estacionamento uma figura de terno bem cortado e alinhado recebe do cúmplice do policial corrupto a propina numa ensebada caixa de palelão. Os outros atos, no silêncio e na cegueira da burocracia, são invisíveis, não causam comoção e dificilmente aparecerão sob os holofotes de uma CPI ou serviriam de roteiro de uma peça de teatro mambembe.
Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.
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