quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sucessão de crises na gestão Dilma abate um ministro a cada 50 dias

Em 10 meses de governo, Orlando Silva, do Esporte, é o sexto ministro da presidente a deixar o posto, o quinto por suspeita de envolvimento em corrupção

Escândalos desafiam Dilma

Fabiano Costa e Fábio Schaffner

Brasília - Com uma gestão aprovada pelos brasileiros, segundo as pesquisas de opinião, e uma economia ainda pouco afetada pelos efeitos da crise mundial, Dilma Rousseff viu denúncias de corrupção carregar cinco ministros em 10 meses de mandato – uma marca histórica que desafia a credibilidade de governo.

Com seis ministros demitidos em 10 meses de mandato, a presidente Dilma Rousseff inaugura uma galeria insólita na história da República.

Nunca um inquilino do Palácio do Planalto em primeiro mandato perdeu tantos integrantes do primeiro escalão em tão curto espaço de tempo.

Da queda de Antonio Palocci (Casa Civil), em junho, até a saída de Orlando Silva (Esporte), Dilma se viu forçada a afastar um subordinado a cada 23 dias. De 1º de janeiro até agora, foi um a cada 49,8 dias. Ao mesmo tempo em que conduz um governo aprovado pela população e pouco afetado pela crise internacional, ela tenta estancar uma sucessão de denúncias que ameaçam minar a credibilidade de sua gestão.

– Daqui a 30 anos, quando algum historiador estiver escrevendo sobre 2011, vai ficar assombrado com o número de escândalos colecionados nesse início de governo – afirma o historiador Marco Antonio Villa.

Dos seis ministros afastados, apenas um deixou a Esplanada sem estar acossado por suspeitas de irregularidades, Nelson Jobim (Defesa). A queda de Orlando representa para Dilma a ampliação do próprio recorde. Nesse cipoal de malfeitorias, houve desde quem saiu porque pagava a governanta com dinheiro público (Pedro Novais) a quem se viu acusado de comandar esquemas milionários (Alfredo Nascimento).

Orlando seria "esquartejado", diz senador

Somente nos ministérios do Esporte e dos Transportes, os desvios somam mais de R$ 700 milhões – mesmo valor que Dilma pretende investir para erradicar e miséria no Nordeste. Para especialistas ouvidos por ZH, na origem da rapinagem estão o loteamento político dos ministérios e a voracidade dos partidos, que usam a máquina estatal para financiamento eleitoral.

– A corrupção tem a ver com ocupações dentro dos ministérios. Há verdadeiras quadrilhas – avalia o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

No vale dos caídos do governo Dilma, estão quatro ministros remanescentes da gestão do ex-presidente Lula. Nos oito anos de mandato, Lula sempre admitiu a dificuldade para demitir seus subordinados. Embora tenha se dobrado aos pedidos do padrinho político, mantendo no ministério pessoas nas quais não confiava, bastaram surgir as primeiras denúncias para Dilma romper com esse modelo.

O único que contou com a paciência da presidente foi Palocci, até então seu mais influente e poderoso auxiliar. Nas crises seguintes, Dilma conduziu a saída dos suspeitos com frieza, esvaziando as atribuições e isolando cada ministro enrascado até levá-los a pedir demissão. Foi assim com Nascimento, Novais e Orlando, por exemplo.

– Não podíamos deixar Orlando ser esquartejado – desabafa o senador Inácio Arruda (PC do B-CE).

O cientista político Marcus Figueiredo, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, afirma que Dilma está tomando providências na medida em que as irregularidades aparecem:

– Ela não passa a mão na cabeça de subordinado.

FONTE: ZERO HORA (RS)

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