Steve Jobs morreu e tudo o que poderia ser dito sobre ele já o foi. Macmaníaco convicto, ouso escrever algo mais sobre o empreendedorismo do criador da Apple e como seu exemplo pode (e deve) servir de reflexão ao Brasil.
Para começar, quantos Steve Jobs o Brasil tem produzido? Se serve de consolo, poucos países no planeta produzem gênios em série. Não por acaso, grandes inovadores do século 20 surgiram nos Estados Unidos, um país que tem muitos defeitos, mas menos o de inibir quem deseja criar algo novo e ganhar dinheiro com essa invenção.
Quem usa produtos da Apple no Brasil sabe como tudo aqui é mais difícil. Quer comprar uma música via iTunes? O caminho é tortuoso. A loja virtual idealizada por Steve Jobs não funciona de maneira integral no webespaço brasileiro.
Agora acabou de sair um novo iPhone. Deseja adquiri-lo? Terá de esperar. O Brasil não está na lista de países escolhidos para ter o lançamento com o do mercado norte-americano.
À primeira vista, essas parecem observações só de cunho consumista. Não são. O acesso a tecnologias é vital para milhares de brasileiros interessados em criar algo novo.
O Brasil avançou na consolidação da democracia e na abertura de seu mercado, mas persistem bolsões isolacionistas que remetem à mentalidade da reserva de mercado de informática criada durante a ditadura militar -sistema que condenou uma geração ao mundo analógico e atrasado.
Se Jobs e seu colega Steve Wozniak vivessem no Brasil em 1976, jamais teriam tido acesso aos componentes eletrônicos usados na montagem dos primeiros computadores Apple em uma garagem. De lá para cá, houve alguma melhora. Um avanço tímido. O Brasil ainda está longe de oferecer um ambiente amigável para quem tem ideias e deseja ganhar dinheiro com elas.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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