Campos se alia com adversários do PT e ganha força política
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O plano do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, é ganhar visibilidade e acumular forças para enfrentar concorrentes do PT e do PSDB. A eleição de sua mãe, a ex-deputada Ana Arraes (PSB-PE), para vaga de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) faz parte dessa estratégia, embora seja considerada agressiva em determinados meios políticos.
- O PT sempre foi majoritário na base aliada. Mas não há eternidade na política. Isso só acontece nas ditaduras. O PT precisa ter espírito democrático para entender que todos podem crescer. E, se o PSB tiver um projeto próprio no futuro, o PT tem que avaliar que é melhor que o governo fique nas mãos de aliados que nas de adversários - diz o líder do PSB no Senado, Antonio Carlos Valadares (SE).
É isso que incomoda o PT, pois, no cenário atual, apesar do desejo de continuar no comando do país, a legenda não tem nomes para suceder à presidente Dilma Rousseff, depois de uma eventual reeleição em 2014.
Nos bastidores, Campos tem dito que o PSB é aliado fiel do governo petista nas horas boas e nas de dificuldade, como em votações impopulares no Congresso ou durante o escândalo do mensalão. Mas sempre frisa que não é uma relação de subserviência, como deseja o PT.
Boas relações com Aécio, Kassab e Sérgio Guerra
Campos tem enfatizado o crescimento do PSB e sua estratégia para fortalecer a legenda em 2012, com meta de eleger entre dez e 12 prefeitos de capitais, o que assusta o PT. Em outra ação ousada, Campos tem feito parceria com adversários históricos do PT.
A aliança estratégica com o PSD do prefeito Gilberto Kassab chamou atenção do PT. Em São Paulo, o PSB já faz parte do governo do tucano Geraldo Alckmin. Em Minas Gerais, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), está perto de restabelecer aliança com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), causando forte atrito com o PT local.
Em outros estados, também cresce a parceria entre tucanos e socialistas. Alianças entre os dois partidos estão consolidadas em Paraná, Alagoas e Paraíba para a sucessão municipal. O governador Beto Richa (PSDB-PR) anunciou apoio à reeleição do prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB).
Na eleição de 2010, o incômodo do PT com as boas relações do PSB com o PSDB foi tal que forçou Ciro Gomes a se afastar do seu padrinho, o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) nas eleições estaduais. Em Recife, Campos tem se reaproximado de um antigo aliado: o deputado Sérgio Guerra, presidente do PSDB. Também em Recife, o PSB ameaça lançar a candidatura do ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional). O presidente do PT, Rui Falcão, já citou o risco de quebra de aliança em Recife e Fortaleza.
FONTE: O GLOBO
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