“Tudo isso é muito novo e intrigante. Nós formos marcados pelo conceito da transformação como ruptura. A revolução era o modo de quebrar a ordem existente e estabelecer a igualdade e a justiça. Havia uma classe predestinada a cumprir esse papel histórico, que era a classe trabalhadora, e a conquista do poder se daria pelo controle do Estado. O partido se apoderava do Estado e a partir daí transformava a sociedade.
Esse modelo evidentemente não funciona mais. Do ponto de vista da visão revolucionária do passado, as mudanças nos valores e nas condutas das pessoas eram criticadas como expressões do reformismo, não da ruptura. Isso não quer dizer que hoje não possa haver rupturas. Na Tunísia e no Egito o protesto ganhou tal força que provocou a queda do regime autoritário.”
Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República. A soma e o resto, págs. 60-61. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2011.
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