sábado, 24 de dezembro de 2011

Aécio sobre Pimentel: 'Homem público tem de explicar'

Aliado do ministro em BH, senador diz que ministro tem de ir ao Congresso falar sobre consultorias e critica Dilma

Thiago Herdy

BELO HORIZONTE (MG). O senador Aécio Neves (PSDB) defendeu ontem a ida do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ao Congresso para explicar contradições a respeito das atividades da P21 Consultoria e Projetos. Aécio criticou a presidente Dilma Rousseff (PT), que vem defendendo Pimentel publicamente por considerar que as suspeitas se referem à vida pessoal do ministro, e não às atividade à frente do ministério - ele atuou na consultoria em 2009 e 2010, logo após deixar a prefeitura de Belo Horizonte e antes de virar ministro.

- Eu acho que é muito difícil separar duas vidas. Quando você vem para um cargo público, você vem com a sua vida privada. Nós somos a mesma pessoa, seja em casa, seja fora de casa, com os mesmos valores e a mesma conduta. Eu não acho que tenha sido uma declaração feliz da presidente Dilma - disse o tucano, que é aliado de Pimentel na prefeitura de Belo Horizonte e não descarta reeditar a aliança com o PT na campanha pela reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), em 2012.

Neste mês, o PSDB tentou aprovar a convocação do petista em comissões do Senado e da Câmara, mas a base governista blindou as convocações, a pedido da presidente Dilma. O partido decidiu, então, encaminhar um pedido formal de informações por escrito ao ministro, que, nas últimas semanas, evitou jornalistas em eventos públicos e se recusou a prestar esclarecimentos sobre as denúncias. A solicitação deverá ser encaminhada pela Mesa Diretora do Senado em fevereiro.

Apesar de dizer respeitar a opção política de Pimentel, que se recusou a dar explicações perante o Congresso, Aécio afirmou que ele deveria mudar de posição:

- Todo homem público tem que estar disposto, com muita serenidade e transparência, a dar explicações, para não deixar que pairem dúvidas sobre a sua atividade. Se pudesse dar a ele uma sugestão, seria que ele fosse ao Congresso.

"O PT trata seus políticos de forma diferenciada"

Na opinião do senador, a blindagem do ministro pela base aliada do governo é uma evidência de que "o PT trata de forma diferenciada os seus (políticos) em relação aos aliados", numa referência aos ministros de partidos como PMDB, PCdoB e PDT, que foram ao Congresso prestar esclarecimentos quando surgiram suspeitas a respeito de suas atividades.

Entre 2009 e 2010, período entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte e a chegada ao governo Dilma, Pimentel faturou R$2 milhões em serviços de consultorias. Metade deste valor (R$1 milhão) foi pago pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), para conversas informais e palestras nas dez regionais da entidade em Minas. No entanto, O GLOBO apurou que as palestras nunca ocorreram. Pimentel também recebeu R$400 mil da QA Consulting, empresa do filho de seu sócio. Parte desse pagamento foi realizado dois antes de a QA receber R$230 mil da HAP Engenharia, cujo dono divide com Pimentel o banco dos réus em ação do Ministério Público por suspeita de superfaturamento em obras. No mesmo período, não há registro de serviço prestado pela QA para a HAP no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG).

Sócios da ETA Bebidas do Nordeste, de quem Pimentel recebeu R$130 mil, negaram em entrevistas gravadas pelo GLOBO ter condições financeiras de pagar o referido valor pela consultoria. Mas, depois que o caso foi denunciado, um dos sócios voltou atrás, confirmou a contratação, mas não deu detalhes do serviço. Outra cliente do ministro, a construtora Convap, pagou R$514 mil a Pimentel poucos meses antes de ganhar duas licitações de R$95,3 milhões na prefeitura de BH.

FONTE: O GLOBO

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