Segundo a CGU, dinheiro foi usado em caixa dois de campanha petista na Bahia, estado do ex-presidente da estatal
BRASÍLIA. Um levantamento da Controladoria Geral da União (CGU) aponta que um contrato da Petrobras com a ONG Pangea - Centro de Estudos Socioambientais serviu para desviar recursos que teriam sido direcionados ao caixa dois de uma campanha do PT na Bahia, estado de origem do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. As informações constam de reportagem da revista "Época", já nas bancas. A ONG, sediada em Salvador, recebeu R$ 7,7 milhões da estatal, dos quais R$ 2,2 milhões não tiveram comprovação de sua destinação, segundo a CGU.
As denúncias surgem no momento em que Gabrielli deixa a presidência da Petrobras, cargo que ocupou nos últimos seis anos. Ele deverá participar do governo de Jaques Wagner (PT) e começará a pavimentar sua candidatura ao governo do estado em 2014. Apesar de não haver "elementos que envolvam diretamente Gabrielli" , a reportagem destaca que "ele pouco ou nada fez" para saná-las. Gabrielli foi substituído por Maria das Graças Foster.
A reportagem também aponta a ligação do ex-presidente e fundador da Pangea, Sérgio Veiga de Santana, ex-deputado estadual do PMDB baiano, com Antonio Magno de Souza - conhecido como Magno do PT -, que concorria à prefeitura da cidade baiana de Vera Cruz. Ao investigar o destino que a Pangea deu ao dinheiro, a CGU identificou um cheque de R$ 25 mil pago a Ademilson Cosme Santos de Souza, irmão e tesoureiro de campanha de Magno. Esse valor foi depositado em setembro de 2004, às vésperas das eleições municipais. Naquele ano, Magno informou à Justiça Eleitoral ter arrecadado só R$ 21.600 para a campanha, sem mencionar o cheque, o que reforça a suspeita de caixa dois. Perguntado por "Época" sobre o uso dos recursos, Santana disse "não se lembrar" do destino do dinheiro, já que deixou a ONG em 2007.
Em nota enviado ao GLOBO, a Petrobras informou ontem que fiscalizou o projeto Cata Bahia, desenvolvido pela Pangea, "em conformidade com os procedimentos" da estatal, incluindo "visitas in loco e análise de relatórios para a verificação do cumprimento das atividades previstas".
A estatal informou ainda que contestou o relatório da CGU "pois não há como exigir de instituições de direito privado os mesmos procedimentos de compras a que está submetida a Petrobras".
Frisou que o projeto desenvolvido pela Pangea "recebeu vários prêmios" e foi selecionado, em concurso realizado pelo Ministério das Cidades, como "referência em educação ambiental e mobilização para o saneamento". Para a Época, informou ainda que os contratos não tiveram motivação política, mas não comentou a suspeita de caixa dois. A Pangea também negou desvios. Disse que o relatório da CGU é preliminar e inconclusivo.
Outra irregularidade levantada pela CGU sobre o período em que Gabrielli presidiu a petroleira é a denúncia feita contra Geovane de Morais, ex-gerente de comunicação da área de Abastecimento da Petrobras, demitido por justa causa em 3 de abril de 2009. Morais fez gastos sem licitação e autorização formal. Entre as empresas beneficiadas estavam duas produtoras de vídeo baianas que trabalharam para a campanha de Wagner em 2006 e duas prefeituras petistas.
FONTE: O GLOBO
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