A economia brasileira voltou a seu cercadinho habitual no ano passado. O crescimento do PIB ficou abaixo até das previsões mais pessimistas e foi quase dois terços menor do que em 2010. No primeiro ano de Dilma Rousseff, o Brasil voltou a segurar a lanterninha.
O Banco Central divulgou ontem seu número final para o PIB de 2011. Deu 2,79%, para desespero do Planalto. O dado oficial, calculado pelo IBGE, só sai em 6 de março, mas o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) tem funcionado como prévia bastante aderente. Variação, se houver, será mínima.
Se confirmado o crescimento da população brasileira de 1%, como prevê o IBGE, nossa renda per capita terá crescido apenas 1,77% no ano passado. É muito pouco, por quaisquer ângulos que se olhe: apenas para comparação, a América do Sul deve ter alcançado 4,6% neste indicador em 2011.
O PIB minguado é herança da gastança de Lula para eleger Dilma. Descontrole fiscal, irresponsabilidade orçamentária e crédito em alta jogaram gasolina na inflação no ano eleitoral. Como preço, foi necessária uma freada em 2011 e o crescimento da economia brasileira despencou de 7,5% para os menos de 3% agora divulgados pelo BC.
Não custa lembrar que o governo Dilma estreara acenando com um horizonte de crescimento de 5% em 2011. Aos poucos, o otimismo foi cedendo, ao mesmo tempo em que doses maiores de juros e restrição no crédito foram esfriando a economia.
Foi o remédio amargo administrado para não deixar que a inflação explodisse. Não que ela já esteja comportada: em nenhum país sério do mundo, taxas recorrentemente na faixa de 6% ao ano, como tem ocorrido no Brasil, podem ser tidas como normais.
"O país ficou dentro do círculo: se cresce um pouco mais, a inflação sobe; aí o Banco Central tem que subir os juros, que atraem mais capital externo de curto prazo. Isso derruba o dólar, que tem efeitos diretos na capacidade da indústria de sustentar o crescimento. A indústria pede medidas contra o produto importado, mas é ele que ajuda a impedir a alta da inflação. São esses círculos que precisam ser rompidos para que o país cresça de forma sustentada e com inflação sob controle", resume Miriam Leitão, n'O Globo.
Confirmada a previsão do Banco Central, o Brasil terá o terceiro pior desempenho entre as economias da América Latina e Caribe. Segundo a Cepal, só superaremos El Salvador, com 1,4%, e Cuba, com 2,5%. Na outra ponta do ranking, de acordo com a instituição, estarão Panamá (10,5%), Argentina (9%), Equador (8%), Peru (7%) e Chile (6,3%). Dá até inveja.
Novamente repete-se o que tem sido a tônica da economia brasileira desde os anos Lula: o país cresce, mas sempre menos do que poderia. Ao contrário do discurso ufanista do governo petista, o Brasil manteve-se recorrentemente abaixo do seu potencial, sem aproveitar todo o vento de cauda que uma das fases mais excepcionais da economia mundial produziu na história.
Para 2012, a cantilena de promessas e previsões vãs parece se repetir. O governo diz que os investimentos previstos para este ano serão capazes de esquentar a economia, que, por enquanto, ainda está morna. Mas a mesma ladainha foi desfiada em 2011, sem que as obras federais decolassem. Deu no que deu.
Na virada deste ano, o governo falava em perseguir um crescimento de 5% em 2012. Nas premissas fiscais, como as que usou para fazer os cortes no Orçamento, já se baseou em 4,5% e, agora, começa a admitir coisa pior, bem pior.
"O governo começa a receber indicadores de que a economia brasileira pode ter um resultado menor do que esperado este ano. O temor é de que o crescimento estacione, mais uma vez, em patamar próximo aos 3%", especula a Folha de S.Paulo hoje.
Na realidade, o governo já vai, aos poucos, alinhando-se a outras projeções disponíveis. Em janeiro, o FMI, por exemplo, cortou sua expectativa para o crescimento brasileiro em 2012 para 3%, ante 3,6% previstos em setembro passado. Pelo Boletim Focus, do BC, não serão mais que 3,3%. Se for como em 2011, mais à frente tudo pode ficar ainda mais nublado... Quem sabe, neste ano, o governo não erre tanto.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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