terça-feira, 31 de julho de 2012

Ao encontrar Lula, candidatos admitem temor com mensalão

Petistas e aliados estão preocupados com efeitos na campanha

Tatiana Farah, Maria Lima e Amanda Almeida

SÃO PAULO, BRASÍLIA e BELO HORIZONTE . Na sessão de fotos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 118 candidatos petistas e de partidos aliados a prefeito, o PT se preocupou ontem em prepará-los para os possíveis efeitos do julgamento do mensalão na campanha eleitoral. O presidente do partido, deputado Rui Falcão, pediu solidariedade com os réus. No entanto, a maioria dos candidatos se mostrou incomodada com perguntas sobre o julgamento, que começa quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), e defendeu que o debate priorize questões municipais.

Ex-ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias foi um dos que pediu tranquilidade. Disse esperar que os adversários não façam uso eleitoral do mensalão. Marqueteiro de Patrus, João Santana decidiu deixar de lado a "onda vermelha" e levar para as ruas uma campanha menos vinculada ao PT, para minimizar os efeitos do julgamento.

Uma das estratégias de Santana é dar mais suavidade ao vermelho e adotar uma tonalidade de rosa. Em eventos, Patrus e seus apoiadores do alto escalão do PT mineiro, como o ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, não têm usado as tradicionais camisas vermelhas. No último fim de semana, usaram camisas azuis.

No evento de ontem em São Paulo, Falcão repetiu o discurso adotado em vídeos divulgados no site do PT. Reforçou a tese de que o dinheiro do mensalão era fruto de caixa dois.

Lula não discursou, só posou para as fotos e conversou rapidamente com alguns candidatos. Com bursite e ainda sob os efeitos do tratamento contra o câncer na garganta, o ex-presidente estava incomodado com uma dor no braço e o inchaço do pescoço, consequência de uma inflamação persistente na garganta.

- Rui pediu tranquilidade e disse que todos devem partir para o embate político tendo a clareza de que quem está sendo julgado não é o PT. Disse que os réus merecem solidariedade, que cada um vai responder de acordo com suas responsabilidades - contou o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido.

Falcão confirmou ao GLOBO que orientou os candidatos, mas negou ter comentado que o julgamento é de pessoas, e não do PT.

Um dos réus do mensalão, o deputado João Paulo Cunha, candidato a prefeito de Osasco (SP), faltou ao encontro para evitar impacto negativo no noticiário. Sua assessoria informou que ele será recebido por Lula.

Candidato a prefeito de Recife, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse acreditar que o caso poderá se tornar um "julgamento" do partido:

- Obviamente que a oposição e a grande imprensa vão tentar transformar isso num julgamento do PT, mas a população brasileira saberá fazer a distinção- afirmou Costa.

O ex-ministro da Educação e candidato a prefeito em São Paulo, Fernando Haddad, disse acreditar que, mais do que candidatos, será a imprensa que poderá dar ênfase ao mensalão durante a campanha eleitoral.

FONTE: O GLOBO

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