STF deve considerar a opinião pública, afirma ex-presidente
Maria Lima
BRASÍLIA . A cúpula do PSDB, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à frente, iniciou ontem um contra-ataque para desmontar a versão do PT de que não houve mensalão. Em vídeos tanto do partido quanto do próprio ex-presidente, o caso é rememorado didaticamente, seguindo a linha da peça de acusação do Ministério Público. No Congresso, os tucanos também se preparam para discursar no plenário durante o julgamento.
No vídeo, Fernando Henrique pede que a população fique atenta aos resultados do "julgamento que pode marcar a História" e diz que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem julgar com isenção, mas sem ignorar a opinião pública:
- Há alguns críticos de que (os ministros do Supremo) estão ouvindo a opinião pública. Claro que o juiz julga pela lei. Mas a lei não é algo que não tem alguma relação com a vida. É claro que não podem substituir a lei. Mas a existência da opinião da sociedade faz parte também de um processo que é eminentemente político. O juiz vai ter que separar o joio do trigo. Tenho muita confiança que o Supremo mostrará que as instituições no Brasil valem . Não estou aqui dizendo: (o Supremo) deve condenar este ou aquele. Espero que julgue com isenção e o que for correto, absolve, o que for crime, castigo. Isso pode mudar muito a cultura política brasileira - diz Fernando Henrique.
Em outro vídeo, usando um narrador, o PSDB ataca a versão do PT de que não houve mensalão. O vídeo intitulado "Mensalão, o escândalo que ninguém esquece", começa com uma fala do então presidente Lula, em agosto de 2005, em que ele afirma que ele e o PT deveriam pedir desculpas ao Brasil. "Tudo começou com o Marcos, que obedecia ao Delúbio, que obedecia ao Silvio, que obedecia ao José (Dirceu), que obedecia a &.", diz o narrador, deixando implícito que o chefe era Lula.
A partir de quinta-feira, com o fim do recesso parlamentar, o Congresso também se tornará uma caixa de ressonância do julgamento do mensalão.
- Pretendo ir para a tribuna sistematicamente para analisar o julgamento - antecipou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
- Vamos continuar mantendo o assunto em evidência o máximo possível, de forma que isso contribua para que a população acompanhe - disse o senador tucano Álvaro Dias (PR).
Já o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), já decidiu que a bancada não reagirá de forma integrada aos ataques:
- Esse é um processo que já está construído. Por isso, uma tentativa de cobrança ao STF é inócua. É um julgamento que deve ser feito com a mais pura leitura jurídica. Cada senador tem liberdade de falar o que quiser, mas eu não falarei.
FONTE: O GLOBO
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