A indústria automotiva, que reúne montadoras, fabricantes de peças e componentes eletrônicos, fechou 5,3 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre
Montadoras contratam no 1º semestre, mas cadeia automotiva fecha 5.300 vagas
Representantes da entidade que congrega o setor reúnem-se hoje no Ministério da Fazenda para discutir demissões, como as previstas na GM
Célia Froufe
BRASÍLIA - A indústria automotiva fechou 5,3 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2012. O número se refere aos diversos segmentos que compõem a cadeia, como montadoras, fabricantes de peças e componentes eletrônicos. O grande vilão foi o setor de autopeças, responsável pelo enxugamento de 7,8 mil vagas. Esse desempenho negativo foi parcialmente compensado pela maior contratação nas unidades de fabricação de veículos e utilitários.
Mesmo levando em consideração os empregos abertos no comércio e em serviços relacionados, a capacidade de geração de empregos ainda foi 70% menor que no mesmo período de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram 19,3 mil vagas este ano, ante 64,3 mil em 2011.
Esse raio X do mercado nos primeiros seis meses do ano revela bem a fase pela qual passa o setor. Ajudadas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), crédito via compulsório e outros benefícios do programa Brasil Maior, todos de maio, as montadoras ainda conseguem apresentar números positivos. O mesmo não ocorre com o mercado de autopeças, já que vêm sendo substituídas por itens estrangeiros.
Representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) vão tratar desse assunto nesta terça-feira, 31, em reunião no Ministério da Fazenda. Utilizarão os números para mostrar que não estão cortando empregos, o que estaria na contramão do compromisso assumido com o governo quando o IPI foi reduzido.
O encontro foi convocado por causa da intenção da General Motors de demitir 1,5 mil funcionários de sua fábrica em São José dos Campos (SP), anunciada na semana passada. Em reação, a presidente Dilma Rousseff, que estava em Londres, ameaçou suspender o corte do IPI, o que atingiria todas as montadoras. O governo pretende reafirmar sua preocupação com o emprego, mas tudo indica que o tom da conversa não será de cobrança. O encontro servirá para uma avaliação sobre os efeitos do IPI menor sobre o setor.
Na segunda-feira, 30, o ministro do Trabalho, Brizola Neto, tratou de pôr panos quentes na situação. Ele disse que as demissões da GM são uma "decisão empresarial" e que a montadora tem sido sensível aos apelos do governo para diluir os desligamentos. Além disso, ressaltou, o saldo de empregos nas montadoras ainda é positivo. Fez essas declarações após participar de evento promovido pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo.
Na pauta da reunião desta terça-feira, está também a continuação das negociações para regulamentação do regime automotivo, que vale de 2013 a 2017. O governo ofereceu desoneração ao setor, mas em troca quer mais investimentos em inovação e tecnologia, além de ampliação de uso de componentes nacionais nos veículos e eficiência energética.
O risco de demissões na GM veio bem no momento em que o segmento volta a mostrar recuperação de mercado, inclusive o de trabalho. Apenas em junho, foram criadas 6,5 mil vagas formais em todo o setor. Na fabricação de veículos, foram abertas 3,6 mil vagas, das quais 2,4 mil só no mês passado.
Por outro lado, a indústria de caminhões fechou 2,7 mil vagas. "A situação do segmento de caminhões preocupa. Ninguém gosta de demitir e, para nós, a situação da GM é uma coisa pontual", disse o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti.
Colaboraram Lu Aiko Otta e Bianca Ribeiro
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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