Ou Carlinhos Cachoeira é muito burro ou teve um azar danado com o assassinato do agente da PF Wilton Tapajós Macedo justamente agora. Seria leviano dizer que o esquema do contraventor tem alguma coisa a ver com isso, mas é legítimo considerar essa linha de investigação obrigatória.
Macedo foi morto com tiros na cabeça, aparentemente durante uma visita ao túmulo dos pais no cemitério de Brasília em pleno horário de trabalho. Estranho, não é?
Ninguém sabe detalhes da vida dele, e crimes assim podem ser passionais, por interesses contrariados ou até meros latrocínios. Mas Macedo era da área de inteligência da PF e trabalhou em missões delicadas, como combate à pedofilia e proteção a testemunhas.
Mais do que isso, atuou diretamente na Operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, expôs o seu grupo, desvendou suas relações promíscuas com políticos e desmascarou Demóstenes Torres.
Até ontem, nada se sabia sobre autores e motivos e é muito cedo para conclusões, como dizem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o presidente da CPI, Vital do Rêgo. No jornalismo, faltam quem, como, onde e, particularmente, por quê.
Os precedentes, porém, são relevantes. O juiz Paulo Augusto Moreira Lima e a procuradora da República Léa Batista, ambos ligados às investigações do esquema Cachoeira, vinham recebendo ameaças de morte, inclusive dirigidas às suas famílias. E o próprio Macedo já notificara a PF de que estava sendo perseguido.
Quando PC Farias e a namorada apareceram mortos em Alagoas, a primeira versão foi a de um inverossímil crime passional. Quando um agente da PF que investigava uma rede de contravenção, poder e política é morto a tiros na capital da República, convém não ser tão simplista.
É o típico caso em que é melhor pecar pelo exagero do que pela omissão. Tem muito fio nesse novelo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário