As primeiras pesquisas eleitorais pós-convenções mostram uma tendência de perda de espaço do PT nas capitais, ao mesmo tempo em que apontam um avanço do número de prefeitos do PSDB nessas cidades. Levantamento do Valor mostra quase uma inversão de papéis: os petistas, que hoje administram sete capitais, lideram sozinhos em apenas duas; já os tucanos, que comandam apenas uma capital, estão isolados em primeiro lugar em três delas e disputam a dianteira - dentro da margem de erro de cada pesquisa - em outras quatro
PSDB larga na frente nas capitais, dizem pesquisas
Raphael Di Cunto
SÃO PAULO - As primeiras pesquisas eleitorais pós-convenções mostram, se comprovadas nas urnas, uma perda de espaço do PT nas capitais, ao mesmo tempo em que apontam um grande crescimento do número de prefeitos do PSDB nestas cidades. Levantamento do Valor mostra quase uma inversão de papéis: os petistas, que hoje administram sete capitais, lideram sozinhos em apenas duas; já os tucanos, que comandam apenas uma capital, estão no primeiro lugar isolado em três destas cidades e disputam a dianteira - dentro da margem de erro de cada pesquisa - em outras quatro.
O PSB, que já é o segundo partido com mais prefeitos de capital, se destaca como a segunda força desta eleição. É o líder isolado em duas cidades - Belo Horizonte e Cuiabá -, ambas com chance de vencer no primeiro turno, e ainda disputa o primeiro lugar em outras duas - Manaus e Porto Velho. Liderados pelo governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, os pessebistas ainda tentam desbancar o PT nas duas maiores cidades governadas pelo partido: Recife e Fortaleza.
Na capital cearense, a prefeita Luizianne Lins (PT) indicou seu ex-secretário de Educação Elmano Freitas. Descontente com a escolha, o governador Cid Gomes (PSB) rompeu com os petistas e lançou o presidente da Assembleia, deputado Roberto Cláudio (PSB). Ainda não há pesquisas que meçam o potencial de ambos - a última é de abril, quando sequer estava sacramentado o fim da aliança -, mas o candidato do governador formou a maior coligação, com 13 partidos. O petista terá apoio de sete legendas.
O senador Humberto Costa (PT) é líder isolado no Recife, distante do deputado federal Mendonça Filho (DEM). Entretanto, depois de desentendimentos com Campos, os petistas terão de enfrentar o ex-secretário estadual de Governo Geraldo Júlio (PSB), que, apesar de ainda aparecer com baixa intenção de votos, levou todos os partidos que estavam aliados ao PT para sua chapa e com isso terá o maior tempo de propaganda na TV.
O PMDB, que era o terceiro partido com mais prefeitos de capitais, ao lado do PDT, também tende a perder esse posto. No levantamento do Valor, feito nas capitais em que houve pesquisa depois das convenções, os pemedebistas disputam a dianteira apenas em João Pessoa. Hoje, eles administram três cidades: Rio de Janeiro, Florianópolis e Campo Grande.
O partido é prejudicado, porém, pelo fato de o Rio, onde o prefeito Eduardo Paes (PMDB) é franco favorito à reeleição, não constar desse levantamento - a última pesquisa data de dezembro, quando o segundo colocado era o senador Marcelo Crivella (PRB), que pouco depois viraria ministro da Pesca.
O Valor considerou neste levantamento apenas as pesquisas feitas depois das convenções ou, no máximo, em junho, desde que não tenha havido desistência ou entrada de nenhum candidato após a aferição. Isso excluiu sete das 26 capitais - Aracaju, Boa Vista, Curitiba, Fortaleza, Palmas, Rio Branco, Salvador e o já citado Rio de Janeiro.
O principal prejudicado por essa exclusão é o DEM. O partido, que não administra nenhuma capital desde a fundação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não figura como favorito em nenhuma das recentes pesquisas. A legenda, porém, tem candidatos competitivos em Aracaju, onde o ex-governador João Alves Filho tem chances de ganhar no primeiro turno, e em Salvador, com o deputado federal ACM Neto, além de também disputar a dianteira em Fortaleza.
Se consideradas pesquisas anteriores, o PV também cresce. O partido perderá a Prefeitura de Natal - a prefeita Micarla de Souza registra altíssimos índices de desaprovação e desistiu de se candidatar-, mas tem grande chance em Palmas, onde o deputado federal Marcelo Lelis é apoiado pelo governador Siqueira Campos (PSDB) e seu grupo. Outros partidos que podem crescer nas capitais nesta eleição, segundo as pesquisas pós-convenções, são o PSC, PCdoB e PSOL.
Os prefeitos que tentam a reeleição também não estão com vida fácil. Só em Belo Horizonte e Goiânia o atual alcaide lidera de forma isolada. Nas outras quatro onde há pesquisas recentes, os postulantes à reeleição perdem em três e aparecem em primeiro lugar apenas em São Luís, mas empatado tecnicamente com o segundo colocado. Os prefeitos de Rio de Janeiro e Macapá também tentam a reeleição, mas não há pesquisas que mostrem o cenário com os atuais adversários.
Os números não garantem, porém, uma derrocada do PT ou vitória do PSDB. Essas pesquisas foram feitas durante ou pós-convenções, quando a maioria dos eleitores ainda não está interessada na eleição, o que reforça as intenções de voto dos candidatos mais conhecidos ou que veem de disputas eleitorais anteriores.
Não mostram, por exemplo, o candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad. Ainda desconhecido, o petista é a aposta do partido para conquistar a maior cidade do país justamente com o discurso de ser o "novo" na eleição. Para deslanchar, porém, conta com seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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