quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Governo aceita demissões na GM

Mantega aceita explicações da GM sobre demissões

Dias depois de a presidente Dilma ter cobrado a manutenção dos empregos, ministro diz que não intermediará "conflitos específicos"

Adriana Fernandes, Célia froufe, Renata Veríssimo

BRASÍLIA - As explicações da General Motors sobre a dispensa de funcionários na fábrica de São José dos Campos (SP) foram consideradas suficientes pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que confirmou ontem a manutenção da alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Importados (IPI) para as montadoras.

Mantega disse que o importante é o saldo positivo de empregos da empresa e de todo o setor e avisou que não intermediará conflitos trabalhistas específicos.

Na sexta-feira, a própria presidente Dilma Rousseff cobrou publicamente a manutenção dos postos de trabalho por setores que recebem benefícios fiscais. "Fazemos toda uma política anticíclica pra garantir empregos. Isso vale não só para as montadoras, mas para todos que receberem incentivos", afirmou.

Mantega destacou a importância da redução de IPI para a retomada das vendas de automóveis no País e anunciou que julho será recorde, com cerca de 360 mil unidades vendidas. Ele disse que foram comercializados 280 mil veículos em maio, número expressivo para o mercado mundial, mas um recuo para o Brasil. Em junho, já com o IPI menor, as vendas aumentaram para 353 mil unidades, o que mostra uma reação forte do mercado, segundo o ministro.

"Não temos os números fechadas de julho, mas será o melhor julho da história. Portanto, o programa de estímulo está sendo muito bem sucedido", afirmou. Mantega, no entanto, disse que não está em discussão neste momento a prorrogação da redução de IPI, que vence no fim do mês.

Demissões. A GM foi chamada pelo Ministério da Fazenda para prestar explicações sobre a ameaça de demissão de 1,5 mil funcionários da fábrica de São José dos Campos, onde a companhia pretende fechar uma de suas oito unidades, justamente a que produz automóveis.

Apesar da pressão do próprio Planalto, Mantega deixou claro que a equipe econômica analisa a situação do emprego de maneira geral e não por fábrica ou linha de produção. "Verificamos que a GM está com saldo positivo de empregos. Isso não significa que não houve demissões. Há problemas localizados em algumas fábricas", informou o ministro, após encontro com o diretor da GM, Luiz Moan, que também está no cargo de presidente interino da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Mantega ponderou que a discussão sobre os problemas trabalhistas cabe ao Ministério do Trabalho. "No caso de todas as empresas do País, não é só da GM. O Ministério deve procurar atenuar e até superar problemas. Isso é função do Trabalho, e não da Fazenda."

Para o ministro, o mercado de trabalho no Brasil está bem, apesar do cenário de crise nas finanças globais. "Estamos gerando emprego no meio dessa crise toda. O setor automotivo está cumprindo sua parte", afirmou.

Moan argumentou que a situação dos trabalhadores da fábrica de São José é um caso pontual, provocado por realocação dos investimentos, mas garantiu que a empresa continua comprometida com a manutenção dos empregos. O executivo disse que o compromisso assumido pela companhia é o de realizar uma negociação "cautelosa e amiúde" com os sindicatos. "Teremos reunião no dia 4, sábado. A GM espera receber do sindicato ideias sobre excedente de pessoal".

Vendas. Até segunda-feira, as vendas de veículos novos somam 343,6 mil unidades, marcando o melhor julho da história, mesmo sem incluir os dados de ontem, que serão conhecidos hoje. Só o segmento de automóveis e comerciais leves, beneficiado pelo corte do IPI, vendeu 331,5 mil unidades, 15% mais que em julho de 2011 e 2,7% menos que em junho passado, queda que pode ser revertida com a soma dos dados de ontem.

Embora Mantega afirme que o corte no IPI termina este mês, são altas as apostas de que haverá ampliação de prazo. Nas últimas vezes em que a medida foi adotada, o governo sempre prorrogou o prazo inicialmente previsto.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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