Caminhoneiros e governo entraram em acordo ontem, encerrando uma greve que durou sete dias e começava a afetar o abastecimento de alimentos. O ministro Paulo Passos (Transportes) afirmou que será constituída uma "mesa de negociações", com início dos trabalhos na próxima semana e conclusão em 30 dias. A ata da reunião determina "completa e imediata" suspensão do movimento. Segundo grevistas, a desmobilização seria gradativa e terminaria hoje. Os caminhoneiros protestavam contra regra que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas. Segundo o setor, há poucas áreas de descanso nas rodovias e o rendimento dos caminhoneiros seria reduzido. Na Via Dutra, ontem, os congestionamentos somaram 35 quilômetros
Caminhoneiros encerram greve, depois de um dia de tumulto e caos nas estradas
Anne Warth, Mônica Ciarelli, Glauber Gonçalves, Julio Cesar Lima, Vinicius Neder, Mariana Durão, Antonio Pita e Fernanda Nunes
A ata da reunião entre os grevistas e o governo determina "completa e imediata" suspensão do movimento da categoria
Os caminhoneiros e o governo entraram em acordo ontem, encerrando uma greve que durou sete dias e afetou o abastecimento de alimentos no Rio de Janeiro. Na Via Dutra, rodovia que liga a cidade a São Paulo, os congestionamentos somaram 35 quilômetros.
O ministro dos Transportes, Paulo Passos, afirmou que será constituída uma "mesa de negociações", que vai começar os trabalhos em 8 de agosto, com conclusão em 30 dias. "Nós temos a satisfação de anunciar que, depois de uma longa reunião, chegamos a um entendimento", disse o ministro na noite desta terça-feira, em Brasília.
A ata da reunião determina "completa e imediata" suspensão do movimento da categoria. "Haverá uma desmobilização gradativa que deve perdurar até amanhã de manhã", afirmou o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Nélio Botelho. Durante as discussões, os representantes do governo insistiram que só negociariam se a greve fosse interrompida.
Os caminhoneiros estavam protestando contra uma nova regra do governo que exige um intervalo de descanso mínimo de 11 horas a cada 24 horas. Segundo o setor, há poucas áreas de descanso nas principais rodovias, o que inviabiliza o cumprimento da regra. Além disso, a medida reduziria o rendimento dos caminhoneiros.
Prejuízos
A greve afetou a distribuição de produtos para a agricultura e para a indústria. Criadores de frango, produtores de leite do Rio Grande do Sul e industriais do Rio de Janeiro se queixavam de prejuízos.
O resultado da paralisação foi sentido na Central de Abastecimento do Rio (Ceasa-RJ), onde o preço da batata chegou a variar entre R$ 100 e R$ 110 a saca, ante R$ 40 e R$ 45 normalmente. O produto, que vem de São Paulo, Minas e Paraná pela Dutra, foi o que teve o fornecimento mais comprometido, seguido pelas frutas cítricas, que subiram entre 30% e 40%.
A situação levou a Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa Grande Rio (Acegri) a pedir a intervenção do governo do Estado para liberar as pistas da Dutra, onde estavam retidos 90% dos caminhões que abastecem a região.
Para economistas, a alta dos preços não deve pressionar os índices de inflação, já que o movimento não se prolongou. O consumidor também não percebeu o impacto. Nesta terça, não era possível notar reflexos da paralisação nos preços de cinco supermercados da zona sul do Rio visitados pelo Estado.
Violência
Nas estradas, o clima foi de tensão. Na última segunda-feira, 30, foi registrada a primeira morte ligada aos protestos. O sindicalista Augustino Daboit, 51 anos, foi atropelado na rodovia BR-369, em Mamborê (PR), por um ônibus que vinha de Foz do Iguaçu. Ele foi atingido ao tentar sinalizar para o motorista do veículo com um cone e não resistiu aos ferimentos.
Desde o início da greve, foram detidas 15 pessoas em diferentes pontos do Paraná. As principais acusações são de desobediência, já que em alguns locais as pistas foram bloqueadas em todas as faixas, contrariando as orientações das autoridades.
Feridos
No Estado do Rio, um confronto entre manifestantes e motoristas deixou cinco feridos. Um carro-forte teria avançado sobre grevistas na Dutra, na altura de Barra Mansa. Eles teriam sido imprensados na mureta de separação entre os dois sentidos da via. Segundo testemunhas, um dos manifestantes atingidos foi levado ao hospital com lesões no braço e nas pernas. Na vizinha Resende, um homem de 39 anos caiu num buraco ao fugir, depois de ser acuado por caminhoneiros que aderiram à paralisação.
Na Rodoviária Novo Rio, muitos passageiros desembarcavam após atrasos de cinco a seis horas. A secretária Taís Pacheco, 30 anos, saiu de São Paulo às 2h da madrugada de terça e só chegou no Rio 12 horas depois. O tempo normal é de 6 horas. "Perdi um dia de trabalho", disse.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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