Trabalhadores querem mesmo reajuste das montadoras: inflação mais aumento real de 2,39%, além de um abono
Marcelo Rehder
Em campanha salarial, metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de São José dos Campos, interior do Estado, e bancários de todo o Brasil ameaçam cruzar os braços para pressionar os sindicatos patronais a apresentar proposta de aumento real de salários. No ABC, 70 mil metalúrgicos vão parar fábricas da região por 24 horas na segunda-feira.
Se os negociadores das empresas não apresentarem proposta que atenda as reivindicações da categoria, os sindicalistas prometem organizar greve por tempo indeterminado.
O movimento não atinge as montadoras com fábricas no ABC (Ford, Mercedes-Benz, Scania e Volkswagen), pois na campanha de 2011 trabalhadores e empresas fecharam acordo com prazo de validade de dois anos. Para 2012, ficou acertado reajuste salarial composto pela inflação do período mais aumento real de 2,39%, além de um abono de R$ 2,5 mil que terá o mermo reajuste aplicado nos salários.
Com data-base em primeiro de setembro, os trabalhadores reivindicam o mesmo índice conquistado pelos metalúrgicos das montadoras. A pauta de reivindicações foi entregue aos grupos patronais no final de junho, mas até agoira não houver propostas, reclamar os sindicalistas.
"A paralisação de um dia é um alerta para que os patrões percebam que a disposição de luta da categoria é forte", afirma o secretário-geral do sindicato, Wagner Santana. "Se não atenderem nossa reivindicação haverá greve por tempo indeterminado", avisa o vice-presidente da entidade, Rafael Marques.
Já em São José dos Campos, os metalúrgicos prometem para a próxima semana uma escalada de paralisações para pressionar os grupos patronais a aumentarem as propostas de reajuste dos salários. Até agora, as propostas ficaram muito abaixo da pauta de reivindicação da categoria. Na maioria dos setores, o reajuste oferecido é de 5%, o que não cobre sequer a inflação dos últimos 12 meses: 5,93%.
Em assembleia na quinta-feira, os trabalhadores da General Motors rejeitaram a proposta da apresentada pela montadora, prevendo 2% de ganho real mais a inflação, a partir de novembro, e abono de R$ 2,5 mil. O aviso de greve foi protocolado ontem e a GM terá 48 horas para apresentar nova proposta, se quiser evitar a greve, dizem os sindicalistas. A data-base da categoria é setembro e a negociação é em conjunto com o sindicato de São Caetano, no ABC, onde a proposta também foi rejeitada. A campanha envolve 44 mil metalúrgicos, que reivindicam reajuste salarial de 12,86%, mas benefícios.
Bancários. Na quarta-feira, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) enviou carta à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), avisando que, em razão do impasse nas negociações, provocado pela decisão dos bancos em manter a proposta de 6% de reajuste, considerada "insuficiente, o comando nacional da categoria orientou os sindicatos a convocarem assembleias para a próxima quarta-feira, dia 12". Os trabalhadores vão votar proposta de deflagração de greve nacional por tempo indeterminado a partir do dia 18, caso os bancos não apresentem nova proposta que atenda as reivindicações, frisam sindicalistas.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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