sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Paes nega negociação com milícia e defende seu modelo para as vans

Prefeito diz que, assim como Freixo, não sabia de denúncias

Miguel Caballero

No debate sobre milícias e campanha eleitoral, uma foto que circula na internet está servindo de munição para oposicionistas acusarem o prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), de não se empenhar no combate ao problema. O registro é de um encontro na sede da prefeitura, na Cidade Nova, em 2009, quando o prefeito recebeu líderes de cooperativas para discutir o processo de licitação que regulamenta o transporte complementar na cidade.

Entre representantes dos motoristas de vans que se sentaram com Paes, havia pelo menos três acusados de envolvimento com milícia ou que respondem a processos no Tribunal de Justiça: Hélio Ricardo Almeida de Souza, o Gringo, citado no relatório da CPI das Milícias e réu em processos de homicídio e extorsão, está sentado à direita de Paes; César Moraes Gouveia, o César Cabeção, da cooperativa Rio da Prata, foi apontado pela CPI como um dos chefes da máfia de transportes na Zona Oeste, aparece de camisa preta, apoiado na mesa; atrás dele, de pé, de braços cruzados, está Dalcemir Barbosa, processado por dois homicídios qualificados e considerado foragido.

Questionado, Paes disse não saber quem são essas pessoas e não pede antecedentes criminais de quem recebe na prefeitura. E citou o caso do candidato a vereador pelo PSOL expulso do partido por suspeita de envolvimento com milícias. Paes disse que, do mesmo modo que Marcelo Freixo afirmou desconhecer o episódio, ele também não sabia.

O prefeito negou relação com milicianos e defendeu a política em relação às vans:

- Não tenho nomes, não sei quem são. Recebo muita gente no meu gabinete e vou continuar recebendo. O papel da prefeitura é prestar serviço. Quando você presta serviço, tira o espaço das milícias.

Paes lançou em 2010 a licitação de linhas de vans a serem disputadas por cooperativas, como é feito em outras cidades do país. Denúncias do envolvimento de chefes dessas entidades com o crime levaram o prefeito a mudar de posição. Em 2011, contratos com cooperativas foram anulados e a prefeitura passou a fazer licitações individuais, em que cada motorista obtém autorização.

Paes disse ontem que essa é a atitude certa para combater a influência das milícias:

- Saímos da licitação por cooperativa para a individual. É difícil dizer que resolveu. A individual dificulta a atuação deles (milicianos), mas não impede (totalmente). Hoje são individuais e há milicianos agindo. A partir daí entra a segurança pública. Licitação individual somada à atuação da polícia é o caminho.

A prefeitura informou que já foram licitadas as autorizações para linhas de vans da Zona Oeste: há 460 motoristas contratados. Só três linhas, em Sepetiba, funcionam no novo modelo, integradas a ônibus. A maioria dos mais de seis mil motoristas de vans do Rio circula sob licença da prefeitura, e terá de passar pelo processo de licitação.

FONTE: O GLOBO

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