domingo, 28 de outubro de 2012

PSD vira casaca pelo poder e por Dilma

Depois de pagar a fatura ao padrinho político José Serra em São Paulo, Kassab se movimenta com o intuito de integrar o partido à base governista e deve negociar um ministério para a legenda na reforma ministerial

Karla Correia

A dois meses de deixar o comando da considerável máquina municipal da capital paulista, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) prepara o embarque da legenda “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro” na base aliada do governo federal. Com o fim das eleições municipais, o partido dele consolida-se como a quarta maior força política do país em número de prefeituras conquistadas. Foram 494 prefeitos eleitos no primeiro turno, mais cinco disputando, hoje, o segundo turno. A esse poderio, soma-se a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados.


A entrada na base de sustentação política de Dilma Rousseff é dada como certa. A recompensa com um ministério, nem tanto. “É uma vocação do partido caminhar com a presidente Dilma Rousseff. A tendência é a aproximação, mas sem cobrar o pro labore”, diz o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz.



Mesmo figurando na aliança em torno do candidato José Serra (PSDB) na disputa pela prefeitura de São Paulo contra o petista Fernando Haddad, Kassab soube construir pontes com o PT, prevendo uma aliança com o Planalto para as eleições ao governo paulista em 2014.



Hoje, o prefeito de São Paulo, apesar de estar no palanque de Serra, tem mais trânsito no PT paulista — sobretudo com o presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva, e com o prefeito reeleito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho — do que com o PSDB do governador Geraldo Alckmin. Em Campinas (SP), por exemplo, o PSD aderiu à campanha do petista Márcio Pochmann, que disputa o segundo turno com Jonas Donizette, do PSB, apoiado por Alckmin. 



O bom relacionamento com o partido da presidente Dilma Rousseff não se restringe a São Paulo. Em Belo Horizonte, Kassab interveio na legenda para possibilitar o apoio ao candidato Patrus Ananias (PT), uma atitude que se transformou na primeira contenda interna do PSD: a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chegou a se licenciar do partido, em protesto contra o posicionamento do prefeito, e o vice-presidente nacional, Roberto Brant, se desfiliou por causa do episódio.



Setores da sigla veem no fim do segundo turno a hora certa para apresentar a fatura do esforço pró-PT e esperam uma chance para compor a equipe da presidente em uma esperada reforma ministerial, prevista para ainda este ano. Em uma antecipada lista de ministeriáveis, destacam-se os nomes do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e do líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP).



A cúpula do partido, contudo, empurra essa possibilidade para um horizonte bem mais distante. “A hora não é agora, é 2014. Qualquer reforma na Esplanada só abriria uma vaga para o PSD desalojando outro partido aliado, o que só serviria para criar um tumulto na base”, desconversa Saulo Queiroz.



Na avaliação dele, Dilma terá, na disputa por um segundo mandato, maior independência em relação ao PT para compor sua equipe. “Não queremos uma pasta sem expressão agora apenas para homenagear a força do partido. Seria pouco. Preferimos uma participação em 2014, mas que seja algo na dimensão do PSD”, diz.



494
Quantidade de prefeitos eleitos pelo PSD no primeiro turno


Fonte: Correio Braziliense

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