Karla Correia
A dois meses de deixar o comando da considerável máquina municipal da capital
paulista, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) prepara o embarque da legenda “nem
de direita, nem de esquerda, nem de centro” na base aliada do governo federal.
Com o fim das eleições municipais, o partido dele consolida-se como a quarta
maior força política do país em número de prefeituras conquistadas. Foram 494
prefeitos eleitos no primeiro turno, mais cinco disputando, hoje, o segundo
turno. A esse poderio, soma-se a terceira maior bancada na Câmara dos
Deputados.
A entrada na base de sustentação política de Dilma Rousseff é dada como certa.
A recompensa com um ministério, nem tanto. “É uma vocação do partido caminhar
com a presidente Dilma Rousseff. A tendência é a aproximação, mas sem cobrar o
pro labore”, diz o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz.
Mesmo figurando na aliança em torno do candidato José Serra (PSDB) na disputa
pela prefeitura de São Paulo contra o petista Fernando Haddad, Kassab soube
construir pontes com o PT, prevendo uma aliança com o Planalto para as eleições
ao governo paulista em 2014.
Hoje, o prefeito de São Paulo, apesar de estar no palanque de Serra, tem mais
trânsito no PT paulista — sobretudo com o presidente do diretório estadual do
PT, Edinho Silva, e com o prefeito reeleito de São Bernardo do Campo, Luiz
Marinho — do que com o PSDB do governador Geraldo Alckmin. Em Campinas (SP),
por exemplo, o PSD aderiu à campanha do petista Márcio Pochmann, que disputa o
segundo turno com Jonas Donizette, do PSB, apoiado por Alckmin.
O bom relacionamento com o partido da presidente Dilma Rousseff não se
restringe a São Paulo. Em Belo Horizonte, Kassab interveio na legenda para
possibilitar o apoio ao candidato Patrus Ananias (PT), uma atitude que se
transformou na primeira contenda interna do PSD: a senadora Kátia Abreu
(PSD-TO) chegou a se licenciar do partido, em protesto contra o posicionamento
do prefeito, e o vice-presidente nacional, Roberto Brant, se desfiliou por
causa do episódio.
Setores da sigla veem no fim do segundo turno a hora certa para apresentar a
fatura do esforço pró-PT e esperam uma chance para compor a equipe da presidente
em uma esperada reforma ministerial, prevista para ainda este ano. Em uma
antecipada lista de ministeriáveis, destacam-se os nomes do ex-presidente do
Banco Central Henrique Meirelles e do líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos
(SP).
A cúpula do partido, contudo, empurra essa possibilidade para um horizonte bem
mais distante. “A hora não é agora, é 2014. Qualquer reforma na Esplanada só
abriria uma vaga para o PSD desalojando outro partido aliado, o que só serviria
para criar um tumulto na base”, desconversa Saulo Queiroz.
Na avaliação dele, Dilma terá, na disputa por um segundo mandato, maior
independência em relação ao PT para compor sua equipe. “Não queremos uma pasta
sem expressão agora apenas para homenagear a força do partido. Seria pouco. Preferimos
uma participação em 2014, mas que seja algo na dimensão do PSD”, diz.
494
Quantidade de prefeitos
eleitos pelo PSD no primeiro turno
Fonte: Correio Braziliense
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