O
encontro de anteontem à noite em Brasília da cúpula do PMDB (Michel Temer, José
Sarney, Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves) com o comando político do
Palácio do Planalto (a presidente Dilma,os presidentes do PT, Ruy Falcão, e da
Câmara dos Deputados, Marco Maia, e o líder dos três, ex-presidente Lula), além
de ministros dos dois partidos, consolida e aprofunda o tratamento dos peemedebistas
como principais responsáveis pela sustentação do governo no Congresso e como
aliados básicos na sucessão presidencial de 2014. Com a troca do respaldo do
Planalto ao controle por eles das duas casas do Legislativo (a ser completado,
no início de 2013, com a eleição do potiguar Eduardo Alves para presidente da
Câmara) pelo compromisso de apoio à reeleição de Dilma acompanhada do mesmo
vice, Michel Temer.
Esse
duplo acerto, construído por Lula, tem o objetivo imediato de fragilizar
articulações de outros candidaturas às presidências do Senado e da Câmara (como
a do deputado Júlio Delgado, PSB/MG, estimulada por petistas, peemedebistas e
mais parlamentares descontentes de outros partidos da base governista).
E configura uma espécie de reação ou resposta oficial ao fortalecimento do PSB
de Eduardo Campos nas eleições municipais e a seus possíveis e alternativos
efeitos da cobrança de substituir o PMDB na chapa federal do campo governista
em 2014, ou de afastamento desse campo – seja por meio da montagem de uma
terceira via, seja através de uma composição com a candidatura oposicionista de
Aécio Neves. Em relação aos socialistas, ao encontro de hoje deverão seguir-se
esforços da presidente e de Lula no sentido de prender o governador de Pernambuco
no esquema político-administrativo do Planalto (com possível oferta de maior
peso na máquina federal) ou, se isso não for bem sucedido, ações visando à
divisão e ao enfraquecimento do PSB.
No PT, o revide ao STF e à mídia. No PSDB, a
tentativa de barrar Aécio.
O lançamento
de agressiva nota oficial da executiva do PT contra o STF por causa das penas
aplicadas ao núcleo político do mensalão, cobrado pelas lideranças paulistas logo
após às condenações, foi transferido para depois do 2º turno das eleições
municipais em face do risco que representava para as candidaturas prioritárias
do partido (sobretudo a de Fernando Haddad, em São Paulo, e a de Márcio
Porchmann, em Campinas). Mas, passado o pleito, novas motivações, do Palácio do
Planalto e assumidas por Lula, contiveram tal lançamento. Dado o equilíbrio político-partidário
nacional que na verdade o pleito revelou, foi avaliado que teria efeitos
negativos interpretar seus resultados como resposta popular às referidas
condenações, muito bem recebidas pela opinião pública. E a expectativa com a
sequência do julgamento, na chegada à fase da dosimetria das penas, bem como a
repercussão das denúncias do “operador” Marco Valério sobre novos e importantes
supostos atores do megaescândalo, renovaram o cálculo sobre a inoportunidade e
a inconveniência do fechamento e da divulgação da nota.
Ela foi
concebida de modo a combinar forte repulsa ao julgamento, e ao próprio STF, a
um ataque ainda mais duro aos veículos da imprensa. E é contra este segundo alvo
que a direção do PT passa a centrar o fogo, atribuindo-lhe predominante
responsabilidade pela “farsa do mensalão”. Segundo José Dirceu – em nota do seu
blog resumida em matéria de O Globo, de anteontem
– “o partido (PT) vai ocupar todas as tribunas que lhe forem possíveis para manter
o assunto (a regulamentação da mídia) em evidência e priorizá-lo”.
Já no PSDB, os
passos e manifestações das principais lideranças – inclusive os prefeitos de
capitais e grandes cidades que acabam de eleger-se e o ex-presidente FHC – em
favor da articulação da candidatura presidencial de Aécio Neves, defrontam-se
com reiteradas resistências do grupo serrista. Agora, vinculando a defesa da
escolha de Serra para função importante no comando nacional do partido a um
retardamento para 2014 do preparo e de definições sobre a sucessão
presidencial.
Jarbas
de Holanda é jornalista
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