Parlamentares consideram decisão pedagógica para o combate à corrupção
Fernanda Krakovics
UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA
BRASÍLIA - Integrantes da oposição afirmaram ontem que a condenação do ex-ministro
José Dirceu a mais de dez anos de prisão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
no processo do mensalão, seria um marco do fim da impunidade no Brasil. Alguns
esperavam que a pena fosse maior mas, mesmo assim, elogiaram o trabalho do
Supremo, como Roberto Freire, presidente do PPS, que lamentou, no entanto, o
que chamou de "triste fim" de Dirceu.
Um dos que consideraram a condenação branda foi o líder do PSDB, senador
Álvaro Dias (PR). Ele comparou a situação de Dirceu com a do operador do
esquema, o publicitário Marcos Valério, que foi condenado a mais de 40 anos de
prisão:
- Eu achei pouco, mas o que importa é o simbolismo da pena, que implica
prisão. Se ele não fosse condenado à prisão, a população continuaria com o
conceito de que os poderosos não são punidos, então acho que foi pedagógico.
O senador tucano disse ainda que, agora, o próximo passo seria acabar com a
engrenagem que teria permitido que o mensalão ocorresse. Uma das práticas
citadas por ele foi o suposto aparelhamento do Estado com o loteamento de
cargos públicos:
- Cabe agora à classe política destruir o modelo que gerou o mensalão, como
o aparelhamento do Estado, a barganha permanente e o loteamento de cargos.
Para o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), não cabe à classe política
fazer juízo de valor sobre a pena, já que os critérios para fixá-la são
técnicos. Freire elogiou o STF, mas disse não ficar feliz com a prisão de
ninguém:
- Não fico satisfeito com ninguém ir para a cadeia, nem com ladrão de
galinha, nem com quem roubou dinheiro público. Mas fico feliz com a democracia
se afirmando no Brasil, com o fim da impunidade, mais transparência e menos
corrupção.
Apesar de ser um dos críticos mais contundentes do governo, o presidente do
PPS lamentou o destino de Dirceu, ressaltando seu passado de luta contra a
ditadura militar:
- Triste fim... Ele teve uma prisão digna na luta contra a ditadura e agora
terá que enfrentar uma prisão por crime comum.
Já o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), acredita que o
julgamento do mensalão terá efeito pedagógico:
- O capítulo da impunidade se encerra. O Supremo dá um exemplo às demais
instâncias do Judiciário de que a Justiça não pode conviver com a impunidade.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou que a condenação foi um
símbolo na luta contra a corrupção:
- É bom termos exemplos, é um símbolo para a política brasileira de que a
corrupção não pode ser tolerada.
Fonte: O Globo
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