Empresário afirmou que ex-diretor do Banco do Brasil e ex-presidente do Banco Popular do Brasil cobravam pedágio de agências de publicidade
O empresário Marcos Valério afirmou que Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, criaram um pedágio para o PT. Em depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República, revelado ontem pelo Estado, Valério diz que os ex-dirigentes dos bancos estabeleceram que 2% do valor dos contratos das agências de publicidade com as instituições teria de ir para o caixa do partido. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a DNA Propaganda, de Valério, renovou o contrato com o Banco do Brasil. O valor estimado dos gastos com publicidade era de R$ 152,8 milhões, segundo o Ministério Público Federal. A renovação teria rendido a Pizzolato, condenado no processo do mensalão, mais de R$ 300 mil de contrapartida. Entre março de 2000 e junho de 2005, a agência de Valério respondia por 39,77% da verba publicitária do banco. O PT não comentou a denúncia. O advogado de Pizzolato contestou a acusação. Ivan Guimarães não foi encontrado.
PT cobrava "pedágio" de agências, diz Valério
Empresário afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro que 2% dos contratos com o Banco do Brasil ia para caixa do partido
Felipe Recondo, Alana Rizzo, Fausto Macedo
BRASÍLIA - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que di¬rigentes do Banco do Brasil es¬tipularam, a partir de 2003, uma espécie de pedágio às agências de publicidade que prestavam serviços para a ins¬tituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT, acusou o homem apon¬tado como o operador do mensalão pelo Supremo Tri¬bunal Federal.
O Estado revelou ontem que, neste mesmo depoimento, dado à subprocuradora da República Cláudia Sampaio e à procurado¬ra da República Raquel Branqui¬nho, Valério afirmou que dinhei¬ro do esquema que pagou parla¬mentares do Congresso entre 2003 e 2005 também serviram para pagar "despesas pessoais" do ex-presidente Luiz Inácio Lu¬la da Silva. O empresário tam¬bém afirmou, entre uma série de novas acusações, que Lula deu "ok" aos empréstimos fraudu¬lentos que viriam a irrigar o men¬salão.
Segundo Valério disse no de¬poimento, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil - também condenado no julga¬mento do mensalão -, e Ivan Gui¬marães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, No período co¬nhecido como de operação ple¬na do mensalão, de 2003 a 2004, o Banco do Brasil pagou, segun¬do dados CPI dos Correios, pelo menos R$ 434 milhões a agên¬cias de publicidade. Ao longo desse período de dois anos, a DNA, empresa de Valério que de¬tinha um dos contratos, aumen¬tou sua participação nos acor¬dos enquanto o bolo das demais agência declinava. Ainda no primeiro ano de go¬verno do ex-presidente Lula, a DNA conseguiu renovar o contra¬to com o Banco do Brasil. O valor estimado dos gastos de publicida¬de era de R$ 152,8 milhões, segun¬do informações do Ministério Pú¬blico Federal. A renovação teria rendido ao ex-diretor de Marke¬ting Henrique Pizzolato, réu no processo do mensalão, mais de R$ 300 mil de contrapartida.
Além da DNA, a licitação 01/2003 originou contratos com a Ogilvy Brasil Comunicação Lt¬da e a D+Brasil Comunicação To¬tal. Entre março de 2000 e junho de 2005, a agência de Valério res¬pondia por 39,77% da verba pu¬blicitária do banco. Os dados são da CPI dos Correios.
Os contratos firmados em se¬tembro de 2003 entre o Banco do Brasil e as três agências alcan¬çavam todo o conglomerado do Banco do Brasil, incluindo em¬presas ou entidades que fossem criadas e a Fundação Banco do Brasil Comandado por Ivan Gui¬marães, o Banco Popular do Bra¬sil funcionava como uma subsi¬diária integral, cuja autorização de funcionamento foi publicada em dezembro de 2003.0 ex-pre¬sidente também esteve envolvi¬do no episódio da compra do apartamento da ex-mulher de Jo¬sé Dirceu por Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério.
Segundo o MPF, os desvios no Banco do Brasil foram prati¬cados por meio dos chamados bô¬nus de volume, que consistia na, violação de cláusulas de contra¬to que permitiam a DNA se apro¬priar de valores que teriam que ser devolvidos. Pizzolato teria autorizado a prática em troca de propina. O que o depoimento de Marcos Valério revela agora é que a negociação teria incluí¬do outra cláusula: o repasse pa¬ra o PT.
Além disso, os recursos de pu¬blicidade fornecidos pela Visa¬net do Banco do Brasil teriam si¬do desviados por meio de antecipações autorizadas por Pizzolato em benefício da empresa de ! Marcos Valério. Na denúncia, o I MPF afirma que o dinheiro foi repassado sem que o serviço ti¬vesse sido prestado e sem qual¬quer garantia de contrapartida. O contrato da DNA com o Banco do Brasil sequer atingia as ver¬bas de publicidade da Visanet.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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