PSDB, DEM e PPS vão entrar com representação no MP e tentarão ouvir Valério no Congresso
Fernanda Krakovics, Isabel Braga
BRASÍLIA - Partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS anunciaram ontem que vão entrar com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo investigação da acusação feita pelo operador do mensalão, Marcos Valério, de que o ex-presidente Lula deu aval para o esquema de corrupção que resultou no mensalão. Os oposicionistas também tentarão ouvir o pivô do escândalo no Congresso.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e o líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), cobraram a abertura de inquérito para investigar a atuação do ex-presidente "como verdadeiro chefe da quadrilha do mensalão". O PPS já havia feito em novembro um pedido de investigação à PGR sobre o mesmo assunto. Na ocasião, a maioria de PSDB e DEM avaliou que não havia elementos suficientes e temiam que a abertura de um novo flanco de apurações atrapalhasse o julgamento do mensalão.
- Lula já estava complicado com o caso da ex-chefe de gabinete Rosemary Noronha, sua amiga íntima, que foi indiciada pela Polícia Federal por formação de quadrilha. Agora vem à tona a confirmação do que já sabíamos: ele era o verdadeiro chefe do mensalão. O lamentável é que, em vez de se explicar à nação, Lula se esconde no exterior - criticou Bueno.
Presidenciável do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ironizou a sucessão de escândalos que atinge o PT e Lula:
- Está difícil até de acompanhar. Estávamos nos articulando em relação à denúncia da semana passada, e agora já surgiu uma nova. A capacidade do PT de produzir agenda negativa é maior do que nossa capacidade de enfrentá-las.
Sobre a ação do Ministério Público, Aécio foi cauteloso:
- Confio na serenidade e firmeza do procurador-geral da República para examinar essas denúncias e dar a elas um outro encaminhamento, vendo se merecem a abertura de inquérito para ver a suposta participação do ex-presidente Lula - afirmou Aécio.
Senadores e deputados tucanos já apresentaram requerimentos de convite para ouvir Valério em comissões da Câmara e do Senado. O intuito é desgastar o governo, que deve mobilizar sua base para impedir a aprovação dos pedidos.
- Não podemos gerar falsas expectativas, mas se não apresentamos (os requerimentos), parece que não estamos cumprindo nosso dever. E, se apresentamos, parece que estamos gerando falsas expectativas - ponderou o líder Álvaro Dias.
Do grupo dos independentes, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considerou as acusações "muito graves" e comparou a situação ao caso do ex-presidente Fernando Collor de Melo:
- Se tivesse acontecido (o depoimento de Valério) durante o mandato, e fosse comprovado, era motivo de impeachment. O Collor foi por causa de um Fiat Elba, além da denúncia de financiamento de gastos privados.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) cobrou providências do Ministério Público e disse que Lula não está acima da lei:
- Por mais que o ex-presidente Lula tenha feito um bom governo, ninguém acumula créditos para que não possa ser investigado.
Fonte: O Globo
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