Acusado por operador de ter recebido dinheiro da SMP&B, Freud Godoy nega
Tatiana Farah
SÃO PAULO - O depoimento de Marcos Valério, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", trouxe de novo à tona um velho personagem do escândalo dos aloprados, quando petistas foram flagrados com dinheiro para comprar um dossiê contra tucanos, em 2006. Acusado de ter recebido dinheiro do operador do mensalão Marcos Valério para pagar despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-assessor da Presidência Freud Godoy negou ontem as declarações de Valério à Procuradoria Geral da República. Godoy, que já foi o homem de confiança de Lula e comandou a segurança de suas quatro primeiras campanhas eleitorais, disse que já teve sua vida e contas "escancaradas" e que nada foi encontrado contra ele.
- Cada vírgula (das contas) já foi vista pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), pela Receita, pela Polícia Federal, pelo MPF (Ministério Público Federal). Se tivesse uma vírgula a mais, teriam achado. Agora, o cara vai e fala não sei também a mando de quem... Porque as coisas são tudo assim (sic): meu nome aparece do nada; é impressionante - disse Freud, por telefone ontem ao "Jornal Hoje", da TV Globo.
Freud Godoy, que vive e trabalha em Santo André, no ABC paulista, disse que não vê o ex-presidente desde 2006, quando teve seu nome envolvido na tentativa de compra de um dossiê contra o PSDB por parte de petistas no chamado "escândalo dos aloprados". O ex-segurança de Lula teve seu nome citado, mas não foi indiciado pela Polícia Federal, porque Gedimar Passos, que foi flagrado com R$ 1,7 milhão para comprar o dossiê, retirou a acusação.
- Faz seis anos que eu não vejo o (ex-)presidente Lula, não vejo ninguém, e agora o cara vai lá e fala um negócio desse. Eu quero ver provar. Porque, se não provar, vai tomar mais uma ação. Eu vou processar, faço questão - disse Godoy.
Embora tenha dito que nada foi encontrado em suas contas bancárias durante a investigação do caso do mensalão, em 2005, a CPMI dos Correios detectou um pagamento feito no dia 21 de janeiro de 2003 pela SMP&B (agência de publicidade de Valério) à empresa de Freud, a Caso Sistema de Seguranças, no valor de R$ 98,5 mil.
Freud Godoy começou a trabalhar para Lula em 1989. Comandou os seguranças de suas campanhas eleitorais até a vitória, em 2002. No ano seguinte, embarcou com o presidente para Brasília, onde era uma espécie de faz-tudo. A empresa citada na CPMI dos Correios, a Caso Sistemas de Segurança, foi aberta por Godoy e sua mulher em junho de 2006. Prestou serviços para entidades ligadas ao PT e para eventos do partido. Quando estourou o escândalo do dossiê, foi chamado de "aloprado" por Lula, que cobrou explicações.
Com capital registrado de R$ 110 mil na Junta Comercial de São Paulo, a Caso Sistemas de Segurança continua ativa, mas tem como sócios a mulher e o cunhado de Freud Godoy. O ex-segurança se retirou do corpo societário em junho de 2009, mas continua no comando da empresa. Ontem, proibiu funcionários de dar informações e não atendeu aos telefonemas de pedido de entrevista do GLOBO.
Fonte: O Globo
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