quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Soma zero – Urbano Patto

Enfim, após o rufar dos tambores e com toda a pirotecnia de praxe, o governo federal aplica a tão almejada redução das tarifas de energia elétrica. Primeiramente como uma alquimia contábil-financeira ao incorporar no presente ganhos futuros (a mesma lógica do fundo do pré-sal) e com alguma desoneração tributária, mas ainda sem que seja reflexo de ganhos de produtividade e rentabilidade do sistema elétrico, pois nem se sabe quando e a que preços as novas fontes de energia estarão em funcionamento e efetivamente colocando a carga nas redes de transmissão.

Porém, como não há almoço de graça (não gosto dessa frase, mas ela cai bem no momento) na mesma semana o mesmo governo federal anuncia, obviamente sem pompa e festa alguma, o já represado e postergado por objetivos eleitorais, aumento do preço dos combustíveis.

Seria para manter o "equilíbrio energético" dos preços ou para equilibrar o preço dos "energéticos"?

Apesar disso, essa redução da tarifa da energia elétrica é um fato concreto, aprovado pelo Parlamento. Foi objeto de pronunciamento da Presidente da República em rede nacional de rádio e tv. Ela foi firme, alardeou a liderança do governo no processo, criticou quem se opôs a medida. Nada mais natural e legítimo, tanto para quem concorda como para quem discorda ou tenha críticas às novas regras. É diferente de anunciar coisas que não existem e programas "para inglês ver". O jogo é jogado, o lambari é pescado.

O que ficou meio sem nexo, sem razão e sem efeito prático foi a posição do principal partido de oposição, o PSDB, que em nota oficial, criticou o pronunciamento da Presidente como fosse ele uma quebra das regras democráticas e mera manipulação da opinião pública para fins eleitorais. Ficou parecendo chororô, mágoa e só. Nada de aprofundar a crítica ao mérito da medida apontando suas falhas e propondo alternativas melhores. Para falar o que falou, preferível ficar quieto.

Mas como nada é para sempre, veio à galope o aumento no preço dos combustíveis. E assim, de espasmo em espasmo, a política econômica segue...

Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com

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