BRASÍLIA - Irritado porque foi escanteado no processo de loteamento de cargos coordenado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o PSB, partido do bloco de apoio ao governo Dilma Rousseff, divulgou ontem uma nota em que anuncia o rompimento do apoio à candidatura do alagoano para a presidência da Casa. A decisão contrariou as expectativas do Palácio do Planalto.
O PSB possui quatro senadores, todos signatários do texto. Esta posição da sigla se deve, especialmente, à decisão da Mesa Diretora do Senado que minou suas chances de disputar com o DEM uma vaga na 4.ª Secretaria da Casa. Isso aconteceu porque a Mesa considerou que a bancada do PSB é formada por apenas três, e não quatro, senadores - uma vez que João Capiberibe (AP) assumiu seu mandato no ano passado; depois de ser barrado pela lei da Ficha Limpa, e o parlamentar só tomou posse de sua cadeira depois que o Supremo Tribunal Federal derrubou a validade da lei nas eleições de 2010.
Entrelinhas. Entretanto, os redatores do documento fizeram questão de escolher cuidadosa¬mente cada palavra a fim de deixar esse racha nas entrelinhas e não escancarado, conforme admitiu a líder da bancada Lídice da Mata (BA). "Essa nota está implícita. O processo do Senado é estranho. Quem é o candidato? Isso é um desrespeito, o Senado está fazendo uma campanha clandestinamente. Vamos esperar que o PMDB apresente um nome."
Sem citar Renan em nenhuma de suas duas páginas, a nota propõe "que o nome do novo presidente esteja associado, perante à opinião pública a esse ideal de renovação", critério que não contemplaria o candidato já escolhido pelo PMDB, já que ele é visto como a continuidade da gestão do senador José Sarney (PMDB-AP).
O texto fala ainda que a eleição acontecerá em um momento em que o Senado passa por um "desgaste de sua imagem institucional", lembra os "baixos índices de aprovação" da imagem do Congresso Nacional e reconhece que "esta Casa tem deixado a desejar". Por fim, adjetiva o Parlamento como "amesquinhado, enfraquecido e submisso".
Proximidade. Apesar do tom crítico às atividades dos parlamentares, os senadores do PSB seguem sem citar nomes especialmente para evitar confrontos com os aliados do governo.
O presidente do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é próximo a Renan e mantém ótimas relações pessoais e profissionais com Renildo Calheiros (PC do B), que é prefeito de Olinda e irmão do provável futuro presidente do Senado. / D. B. e E. L.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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