Ana Luiza Machado, Julia Schiaffarino
RECIFE — Um caminhão precisou ser usado para transportar as coroas de flores enviadas para o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra até o cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde ele foi enterrado na tarde de ontem. As homenagens em forma de flores eram tantas que chamavam a atenção e ocupavam toda a galeria da Assembleia Legislativa de Pernambuco, local escolhido para o velório. Só não era mais do que a multidão de familiares, amigos e conhecidos que, pessoalmente, ofertaram o último adeus ao político. “Ele era uma pessoa que sabia construir relações”, descreveu o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio. Fato provado em um velório de grande comoção.
A viúva, Márcia Lyra, permaneceu ao lado do caixão. Chorou em diversos momentos, mas as lágrimas dela não eram as únicas. De seu lugar, pôde ver muitos daqueles que, em outros momentos, dividiram alegrias e lutas com o marido, também emocionados. Nas conversas durante o velório, o que ecoava eram as lembranças de um Fernando Lyra que dedicou a vida à luta pela democracia. Discurso ressaltado pelo monsenhor Olivaldo Pereira que celebrou a missa corpo presente. O padre escolhido era de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, cidade que o político escolheu como sua, apesar de ter nascido no Recife.
O legado do ex-ministro da Justiça foi, ainda, citado em forma de poema pelo amigo comunista Marcelo Mário Melo. “Ele foi um exemplo de insistência e resistência. A República brasileira está vinculada ao seu nome”, recitou, sob forte aplauso. Foi na Assembleia Legislativa pernambucana que Fernando Lyra começou a vida política.
Entre os políticos que acompanharam as cerimônias de despedida de Fernando Lyra estão o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB); o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho; o presidente do legislativo pernambucano, Guilherme Uchoa (PDT); e o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra.
Fernando Lyra faleceu na tarde da última quinta-feira, devido à falência múltipla dos órgãos, em São Paulo. Ele sofria de grave cardiopatia e estava internado no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) havia mais de 20 dias. O pernambucano tinha 74 anos e estava afastado da vida pública desde 2011.
Fonte: Correio Braziliense
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