O recente falecimento do Ex-Ministro da Justiça Fernando Lyra (1938-2013) traz a memória da política brasileira da transição democrática. Pernambucano e advogado esteve sempre na resistência a Ditadura Militar a partir de seguidas vitórias como Deputado Estadual e Federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Seu perfil reforçou o campo da via democrática de superação do autoritarismo. Em seu nome o Parlamento Brasileiro avançou na democratização no caminho do Direito.
Noção de mudanças pelo caminho do diálogo com todas as forças políticas que tinham uma linha pela reconquista da democracia no Brasil. Não fomentou a “antipolítica” do veto de uma falsa ética política, pois fez dela a ação no Mundo Vivo. Ciente do grande peso do “mundo agrário” na mobilização de um “Gado Humano”, ele mobilizou as vantagens do moderno e do atraso para que o impacto da derrota da Emenda das Diretas Já não levasse ao desandar. Então, avançou na coordenação política de Tancredo Neves ao Colégio Eleitoral naquele que seria um exemplo de reintroduzir a “mineirice” da política na Transição Democrática. Os ventos de Recife atingiriam as serras mineiras num desenho de ruptura com um tipo de “dirigismo econômico” em crise desde o final dos anos 70.
Os caminhos e descaminhos da transição política no Brasil fez emergir um processo a procura de um ator. Nesse instante o político teve muitos problemas com as voltas dos desdobramentos das “revoluções dos interesses” que se fez presente na política paulista. A política brasileira cedia espaço aos devaneios liberais. Portanto, sua trajetória política pós-1988 foi uma “marcação política” do campo democrático seja no PDT ou no PSB ou na Presidência da Fundação Joaquim Nabuco em Pernambuco por uma década
A década de Fernando Lyra na Fundação Joaquim Nabuco (PE) mereceria um capítulo à parte para aqueles que desejam analisar essa última década de “Lulismo”, pois sua gestão foi Republicana e distante de possíveis sectarismos. . Intelectuais e política em contexto regional e distante do eixo “São Paulo-Rio-Minas Gerais”. Observamos que algo de transformador foi geminado no caminho de “quebrar” falsas polarizações. Reencontramos na memória política e atuação de Fernando Lyra a persistência da “Centro-esquerda”
Sua distância do cenário político nacional não significou sua opção pelo afastamento da política regional. Assim, o legado de sua articulação política lhe fez presente nas campanhas eleitorais ao Governo de Pernambuco em 2006 e 2010 na vitória do PSB e aliados. Nem tudo é “clientelismo” na política. Há uma formação de direção intelectual dos processos políticos em curso. Isso se deve ainda estudar com mais afinco até como forma de render uma justa homenagem a figura política que agora estamos a despedir.
[1] Mestre em Sociologia pelo
CPDA-UFRuralRJ e Dirigente Municipal do PPS-RJ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário