Em área invadida, 50 pessoas vivem cercadas de lixo
BRASÍLIA - A menos de um quilômetro do Palácio do Planalto, numa área invadida nas imediações da garagem do Senado, 50 pessoas vivem cercadas de lixo e ratos, em barracos de madeira e lona, sem saneamento nem água encanada. Os casebres têm apenas dois banheiros coletivos, cada um com espaço para uma pessoa, usados principalmente pelas mulheres. Como não há fossa, boa parte dos moradores prefere ir no mato.
A moradora Rosa Maria Albino dos Santos, de 36 anos, mãe de quatro filhos, diz que está cadastrada no Bolsa Família e que deveria receber R$ 300 por mês. Mas, segundo ela, os repasses estão bloqueados. Além do dinheiro do Bolsa Família, Rosa trabalha como catadora de papel, papelão, plástico e metais, assim como os demais moradores da área. O serviço rende R$ 150 por mês, mas a quantia costuma cair nos meses de chuva.
Em tese, portanto, ela poderia ser classificada como miserável pelo critério de renda do governo, que considera extremamente pobre quem sobrevive com até R$ 70 por mês.
- Tem dois meses que cortaram minha bolsa - diz Rosa.
O servente de obras desempregado Joacy Ferreira da Silva, de 37 anos, pai de meninos de 17 e 14 anos, mostrou o cartão do Bolsa Família e diz que deveria receber R$ 32 por mês, mas o benefício foi cortado. Os filhos são lavadores de carros.
Aos 18 anos, Maria Carolina de Souza mora com a filha de um ano. Ela reclamou do fato de que sua mãe recebe Bolsa Família, mas ela, que vive em outro barraco, não. Maria Carolina afirmou que ratos costumam entrar em casa e que ela pega piche e restos de asfalto quente das ruas para tapar buracos entre os pedaços de compensado, numa tentativa de impedir o acesso de roedores. Quando chove, a água entra nos casebres pelo chão.
O terreno fica junto a uma rua próxima dos prédios anexos da Esplanada dos Ministérios. É comum que motoristas levem comida e doem roupas. Uma delas é a oficial de Justiça aposentada Haidecilda Neves, de 57 anos:
- É falta de amor e consideração dos governantes. O lixo ao lado do luxo. Crianças nascendo aqui, no meio deste lixo todo, atrás do poder.
Fonte: O Globo
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