O PT está armando um tremendo oba-oba para marcar seus dez anos de chegada ao poder. Tem todo direito de comemorar. Desde que não recorra às mistificações, mentiras e invencionices que tanto caracterizam suas mais de três décadas de trajetória. Mas esperar honestidade dos petistas é querer demais.
Há dez anos, o partido dos mensaleiros tenta vender aos brasileiros a ideia de que nossa história começou em 1° de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República Federativa do Brasil e, oito anos depois, foi sucedido por Dilma Rousseff. Tudo o que antecedeu ao reinado dos petistas é tratado como escória.
É o que o PT volta a fazer agora por meio de uma cartilha recheada de adjetivos e palavras de ordem que em tudo lembra o velho PT oposicionista: raivoso, sectário e, principalmente, torpe e desonesto. Nem dez anos no comando de uma das mais importantes nações do mundo deram aos petistas a serenidade e o decoro necessários.
A realidade é que, não tivessem Lula e Dilma sido antecedidos no cargo por Fernando Henrique Cardoso, o país certamente não seria o que é hoje. Não tivesse a gestão tucana legado à petista um país com moeda estabilizada, contas fiscais geridas em regime de responsabilidade e uma estrutura produtiva em processo de modernização, o PT provavelmente teria naufragado na primeira esquina.
Recorde-se que tanto a estabilização obtida com o Plano Real quanto a adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal foram duramente combatidas pelo PT oposicionista, seja nos palanques, nas tribunas, no Parlamento ou na Justiça. Para os petistas, o que sempre valeu foi a máxima do hay gobierno, soy contra ou, ainda, a do “quanto pior, melhor”.
Nestes dez anos de poder, o PT valeu-se sobejamente da herança bendita tucana. Mas tudo que é bom não perdura para sempre. A falta de um novo ciclo de reformas e o mau uso que os petistas fazem das instituições estão levando à exaustão o que lhe foi legado. Como os governos petistas foram incapazes de dar novo sopro renovador ao Brasil, o país ora rateia.
Não é outra coisa o que está ocorrendo com a inflação, numa séria ameaça de descontrole dos preços que desponta no horizonte e põe em risco o orçamento familiar, principalmente o das famílias mais pobres. O mesmo acontece com as contas públicas, em franco processo de deterioração e retrocesso. E o que faz o governo do PT para se contrapor a esta situação? Simplesmente bate cabeça.
O que se passa no lado real da economia brasileira também evidencia a falência dos propósitos petistas. O estatismo anacrônico do partido dos mensaleiros conduziu o país a um gigantesco nó logístico e de infraestrutura que só timidamente ora começa a ser deslindado. Mas como? Com as privatizações – como acontece agora com os portos, as ferrovias e as rodovias – que o PT outrora tanto demonizou.
É legítimo reconhecer que os governos petistas promoveram avanços importantes na área social. Mas, para uma análise honesta, é forçoso constatar que o germe que floresceu na ascensão social, na disseminação do Bolsa Família e na recuperação do salário-mínimo foi semeado na gestão tucana.
Mas há uma coisa em que o PT é, de fato, imbatível: nenhum outro partido tem em seus quadros uma turma de mensaleiros condenados à prisão pela mais alta corte de Justiça do país. Nas comemorações pelos dez anos de poder petista, Lula e Dilma Rousseff poderão se irmanar gostosamente a José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha, Delúbio Soares e outros tantos – enquanto, claro, eles ainda não cumprem suas penas na cadeia. Esta exclusividade ninguém tira deles.
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