Alckmin também atua para aparar arestas e receberá mineiro em SP
Maria Lima, Gustavo Uribe e Germano Oliveira
BRASILIA e SÃO PAULO - Numa conversa franca na noite de segunda-feira, que durou cerca de três horas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tomou a iniciativa de tentar resolver problemas com o ex-ministro e ex-governador José Serra, que se arrastam desde as duas últimas eleições presidenciais. Na conversa, segundo relato de tucanos, os dois discutiram pontos delicados da relação, mas o mineiro saiu convencido de que houve avanços, porque está descartada, em sua opinião, a possibilidade de o paulista deixar o PSDB para se integrar ao projeto do governador Eduardo Campos (PSB-PE) em 2014.
O encontro entre Aécio e Serra durou três horas e começou tenso. O mineiro disse ao paulista que o partido não poderia abrir mão dele para qualquer projeto nacional, mas explicou a importância de assumir a presidência do PSDB como parte da estratégia para sua candidatura à sucessão presidencial. José Serra se mostrou insatisfeito por não ter sido consultado na formação do novo comando do partido. O senador, então, sondou o líder tucano sobre a possibilidade de ele assumir a direção do Instituto Teotônio Vilela, posto recusado por Serra. Sem um acordo, o mineiro prometeu contemplar São Paulo no novo comando do partido.
Intermediando a pacificação dos dois, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também se reuniu ontem com Aécio para acertar sua participação no seminário do PSDB, segunda-feira em São Paulo, quando Serra estará fora do país. Alckmin e Aécio acertaram de chegar juntos para mostrar a unidade dos tucanos mineiros e paulistas.
Na conversa, Serra teria negado que esteja condicionando seu apoio à provável candidatura de Aécio a presidente à não eleição do mineiro para a presidência do PSDB, em maio.
- Foi uma conversa muito positiva. Fizemos uma análise muito convergente do Brasil. Tenho confiança que o Serra tem lado. E o lado dele é o nosso lado. Na construção do nosso projeto ele terá o espaço que quiser - disse Aécio, após o encontro com Alckmin em seu gabinete, em Brasília.
Segundo relatos de interlocutores do PSDB, na conversa entre Aécio e Serra, em São Paulo, o senador disse que os dois podiam ter divergências, mas compartilhavam um objetivo comum: um projeto alternativo de país.
- Queremos derrotar o PT. E a polarização será conosco - teria dito Serra.
- Serra, você tem um lastro eleitoral que ninguém mais tem no Brasil. Temos que fazer isso juntos - completou Aécio, de acordo com os interlocutores.
Os dois também conversaram sobre ressentimentos do passado, como o gerado por informações de que Aécio não teria se empenhado nas campanhas presidenciais em que Serra foi derrotado por Lula e Dilma.
- Zeramos o passado. O Serra avaliou que as derrotas dele nada tiveram a ver com Minas. Com as condições econômicas daquele momento, era quase impossível vencer - disse Aécio, segundo relatos de seus companheiros.
Na análise que os dois fizeram sobre os palanques nos estados, Serra e Aécio consideraram que candidatura de Eduardo Campos é fundamental para impedir a vitória do PT no primeiro turno. E consideraram equivocada a análise de que o pernambucano tira mais votos dos tucanos, argumentando que Campos tem votos no Nordeste, onde Dilma teve 70% de seus votos.
Aécio desclassifica informações de que Serra estaria negociando filiação ao PPS, para apoiar Campos:
- O Serra conversa com muita gente. Mas não vejo nenhum movimento que o distancie do PSDB. Nós temos o mesmo objetivo, de apresentar uma alternativa a esse modelo que está aí.
Alckmin tentou desfazer o clima de mal-estar:
- Temos dois meses para uma boa conversa e uma boa eleição. Há espaço para todos participarem.
Fonte: O Globo
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