Proposta da publicação é mostrar boas práticas de administração pública
Letícia Lins
RECIFE - No mesmo dia em que teve questionada a transparência do governo por deputados estaduais e pela seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governador Eduardo Campos (PSB) lançou ontem uma revista com custo anual de R$ 200 mil, pagos integralmente pelo governo do estado. A publicação será trimestral, com tiragem inicial de mil exemplares, e tem como público-alvo servidores, gestores e acadêmicos. E objetiva mostrar experiências exitosas da administração pública de Pernambuco e de outros estados e municípios. A revista "Gestão Pública PE" traz em seu número inicial 14 seções, das quais pelo menos seis relatam experiências no estado, destacando o modelo de gestão premiado no ano passado pela ONU, na qual Campos aparece ao lado do hoje prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB).
Ao lançar a revista, Campos voltou a defender a necessidade de inovação na administração pública.
- Não é possível que o aparelho de Estado se organize da mesma forma do século passado, muitas vezes duplicando estruturas sem necessidade - disse.
Segundo o secretário de Planejamento e Gestão do estado, Frederico Amâncio, a publicação "é uma revista científica para um debate qualificado", aberta a "sugestões, provocações e textos".
- É um espaço de discussão sobre gestão pública, com experiências também de outros estados e colaboradores do Brasil todo - frisou.
A transparência do governo de Campos foi questionada por deputados estaduais que pretendiam fazer uma blitz no Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), mas foram impedidos. O fato levou a OAB-PE a emitir nota oficial ontem, na qual afirma que a medida "fere um direito constitucional: o livre acesso à informação".
O incidente ocorreu na última quinta-feira com quatro deputados estaduais da oposição que pretendiam averiguar denúncias de que o Lafepe estaria operando com ociosidade e em condições sanitárias insuficientes. Segundo os parlamentares, a direção do Lafepe não os autorizou a entrar no laboratório porque não tinha ninguém para acompanhá-los e porque o ingresso na área fabril requer programação e uma série de exigências feitas pela Anvisa.
O presidente do Lafepe, Luciano Vasquez, garantiu, no entanto, que "ninguém foi impedido de fiscalizar" e que os chamou para a sala da diretoria, mas que os parlamentares só tinham interesse em entrar na área industrial.
- Querem fazer factoide político. Não quiseram conversa, mas só adentrar na produção. Qualquer laboratório, seja público ou privado, exige pré-agendamento de visitas. Acabou-se o tempo da carteirada, de dizer que "vou entrar em qualquer lugar" - afirmou o executivo.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário