Ainda sem conseguir superar divisão dentro do PSDB, virtual candidato em 2014 se reúne com tucanos de SP
Senador mineiro teve que agir contra rumores de que Alckmin resistia ao seu nome para a presidência do partido
Gabriela Guerreiro, Natuza Nery e Daniela Lima
BRASÍLIA, SÃO PAULO - A menos de um mês e meio de sua convenção geral -festa programada para selar a liderança do senador Aécio Neves (MG) no comando do PSDB-, o partido ainda não conseguiu superar a divisão interna. Mas o mineiro diz: "Teremos o apoio de [José] Serra no momento oportuno".
Virtual candidato tucano à Presidência da República, Aécio precisou agir nos últimos dois dias contra rumores de que a resistência a seu nome para a presidência da sigla vinha também do gabinete do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Anteontem, o senador tucano reuniu-se por três horas com José Serra em São Paulo. Ontem, recebeu o governador em seu gabinete no Senado e dele obteve uma indicação de apoio político.
Alckmin comprometeu-se a acompanhá-lo no encerramento de um congresso do partido na capital paulista, estreia do mineiro com a militância do Estado. Havia dúvidas sobre a presença do governador -ele chegou a sugerir que o ato fosse adiado.
Semana passada, Alckmin esteve em um jantar na casa de Aécio em Brasília, onde disse que o colega não precisaria ser presidente da sigla para ser presidenciável.
A declaração preocupou aliados de Aécio. Na visão desse grupo, a resistência de Serra, sozinha, não abalaria o projeto político do senador dentro do partido. Entretanto, uma divergência com o governador de São Paulo poderia comprometer os planos.
Ontem, Alckmin não só confirmou presença no congresso como disse que chegará ao local com Aécio, o que foi visto como sinal de trégua por aliados do mineiro.
Unidade partidária
A convenção nacional do PSDB está marcada para 19 de maio. Construir a unidade partidária tem sido a principal agenda de Aécio. Sem isso, o impulso para sua candidatura perderia embalo.
Aécio e Alckmin deixaram o encontro de ontem afirmando que, até maio, vão achar uma saída para eleger uma "boa direção partidária".
Foi uma referência ao pleito de alguns tucanos de São Paulo que temem uma hegemonia do mineiro. Eles defendem que Aécio ceda cargos estratégicos a aliados de Alckmin e Serra, teoria abraçada pelo governador paulista.
Alckmin tem evitado polemizar com Serra num momento em que não pode desprezar suporte político para reelegê-lo ao Palácio dos Bandeirantes em 2014.
Foram os sinais enviados pelo governador que levaram Aécio ao encontro com Serra na segunda-feira. Segundo aliados de ambos, a conversa terminou inconclusa.
"Serra, temos algo que nos une: o espírito público e o objetivo de tirar o PT do governo", disse o senador no encontro. "Não quero você como aliado, quero você como protagonista."
Serra teria ouvido Aécio sem fazer muitas ponderações. Disse que não poderia ser considerado obstáculo à unidade do partido, pois há anos não é ouvido pela cúpula do PSDB. Os dois encerraram o papo com o compromisso de que voltarão a conversar em duas semanas.
Ontem, Aécio desmentiu a versão de que Serra estaria cobrando cargos na cúpula da sigla para apoiá-lo. Serra havia manifestado irritação com esses rumores.
Fonte: Folha de S. Paulo
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