Após a cooptação, no fim de fevereiro, dos irmãos Gomes do Ceará para a campanha reeleitoral da presidente Dilma, a ofensiva do lulismo e do Palácio do Planalto contra o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, a fim de forçá-lo a desistir da candidatura própria ou partir para ela bem isolado, desdobrou-se esta semana em fortes pressões com objetivos semelhantes sobre os chefes de governo também pessebistas do Piauí e da Paraíba. E está incluindo uma operação do Planalto e do PT focada diretamente em Campos: para afastar de seu esquema o titular do ministério da Integração Nacional, Fernando Bezerra, por meio da promessa de manutenção no governo na quota pessoal da presidente, combinada com a de apoio federal e petista para candidatura dele em 2014 à chefia do executivo estadual em confronto com o governador. Bezerra era, e seguirá sendo se resistir à cooptação articulada, um dos nomes cogitados por Campos para a disputa de sua sucessão. Tal ofensiva como que antecipa o vale-tudo, ou o “fazer o diabo na hora eleitoral”, a que Dilma se referiu em ato político realizado anteontem em João Pessoa, com a ressalva de que, como administradora, trata de “respeitar adversários”.
Entre as respostas a esse cerco que estão sendo dadas por Eduardo Campos – cujo projeto de candidatura em 2014 vai sendo adensado – incluiu-se a busca de apoio significativo no movimento trabalhista, que começou a ser preparado no encontro que manteve anteontem no Recife com os dirigentes da Força Sindical (a que se seguirá nos próximos dias palestra que fará em São Paulo em seminário da entidade). Encontro que teve outro dividendo da precipitação da disputa presidencial: o respaldo do governador à contraposição da Central Sindical à MP que muda, basicamente para melhor, as regras de operação do sistema portuário e amplia os terminais privados existentes. Esse respaldo representou uma mistura de dois ingredientes bem distintos. De um lado, as restrições de Campos à MP em face de itens dela constantes que reforçam o controle federal sobre o referido sistema em detrimento do papel dos estados e, assim, quebrando a autonomia local da gerência de porto de Suape. De outro lado, as resistências corporativistas do sindicalismo a mudanças nas regras de operação dos portos, bem como as dos controladores dos terminais privados, de igual caráter, umas e outras representativas de interesses responsáveis pelo elevadíssimo custo dessa operação e pelas limitações do sistema. Numa soma que constitui um dos gargalos da nossa infraestrutura.
O respaldo do governador de Pernambuco a tais resistências acentua os obstáculos à aprovação da MP. Na base parlamentar governista, às objeções já manifestadas pela maioria da bancada do PDT, soma-se agora a recomendação de presidente do PSB para voto contrário. E a perspectiva de ampla divisão dessa base em torno da matéria cresceu com a postura anunciada pelo PMDB (pelo próprio líder do governo no Senado, Eduardo Braga), que passou a defender alterações significativas no texto da MP, como as relativas aos critérios de renovação das concessões dos terminais. Postura objeto de reportagem da Folha de S. Paulo, de anteontem, com a seguinte abertura: “O PMDB pressiona o Planalto a mudar a medida provisória que altera regulação dos portos e já avisou que ela não passa no Congresso sem alterações. Um dos principais focos de insatisfação é a renovação de cerca de 50 contratos de terminais em pontos já anunciados”.
Jarbas de Holanda é jornalista
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