Murillo Camarotto, Bruno Peres e Daniel Rittner
RECIFE e BRASÍLIA - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), aproveitou o evento realizado ontem no Palácio do Planalto para fazer articulações políticas em Brasília. Trabalhando para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014, Eduardo conversou com opositores do governo.
Segundo apurou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o pernambucano se reuniu, separadamente, com os prefeitos de Manaus, Arthur Virgílio, e de Teresina, Firmino Filho, ambos do PSDB.
O governador não conversou com a presidente Dilma Rousseff, como era esperado. O que houve, segundo uma pessoa próxima a Eduardo, foi apenas um "cumprimento entre dois companheiros".
O governador está irritado com a Medida Provisória 595, que regulamenta a operação dos portos no país, e pretendia levar seus questionamentos ao conhecimento de Dilma.
O que se deu, entretanto, foi uma reunião entre o ministro da Secretaria Especial dos Portos, Leônidas Cristino, e os deputados federais Márcio França (PSB-SP), Beto Albuquerque (PSB-RS) e Glauber Rocha (PSB-RJ).
França, que é aliado do PSDB em São Paulo, disse que foram apresentadas ao ministro oito propostas de alteração da MP. Segundo ele, Cristino, que também é do PSB, teria reconhecido algumas "brechas" na medida. "As ideias foram bem recebidas pelo ministro, o que abre boas expectativas de revisões no texto", disse França.
Indicado pelo governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), o ministro dos Portos é acusado por aliados de Eduardo de "corpo mole" na questão da MP, já que o porto do Pecém, no Ceará, não será afetado significativamente pela medida.
Leônidas Cristino foi o sucessor de Cid na Prefeitura de Sobral, berço político dos Gomes. O governador do Ceará é contra a candidatura de Eduardo ao Planalto em 2014. Mas ontem em Brasília Cid negou que esteja atuando contrariamente aos interesses de seu partido.
"Não é nada contra o meu partido. Eu acho que é estrategicamente melhor para o meu partido se fortalecer no âmbito regional e nos prepararmos para no projeto nacional", disse o governador depois participar de evento no Palácio do Planalto.
Cid disse, porém, que "obviamente" apoiaria uma eventual candidatura presidencial do PSB em 2014. "Quem achar que eu sou quinta coluna, que eu estou querendo sabotar o meu partido, alguém do meu partido ou o presidente do meu partido, está redondamente enganado, vai quebrar a cara. Eu estarei com o meu partido", disse o governador. "Eu não estou dando recado a ninguém. Se eu estou falando para alguém é para o meu partido", completou.
Gomes também fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela antecipação do debate eleitoral. "Lula agiu errado", disse o governador. Referiu-se ao lançamento, por Lula, à candidatura da presidente à reeleição em 2014.
"Dilma não precisa disso. Ela já é conhecida. E já é mais popular do que Lula", provocou o cearense. De acordo com o governador, a atitude de Lula prejudica o próprio governo com a instalação de um ambiente negativo no Congresso Nacional.
Para ele, Lula também inverteu a lógica do processo eleitoral. "Quem precipita a disputa é sempre a oposição", disse Cid Gomes. "A meu juízo, não precisa antecipar o debate eleitoral(...). Nós estamos no meio do ciclo [do governo] Dilma", completou.
As criticas do governador se estenderam também ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na avaliação dele, os dois ex-presidentes deveriam divulgar o Brasil "mundo afora". "Acho que os dois tem retaguarda para isso e essa eu acho genericamente que deve ser a posição de um ex-governante", afirmou.
Fonte: Valor Econômico
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