quarta-feira, 10 de abril de 2013

IPCA sobe 0,47% em março e estoura teto da meta pela 1ª vez desde novembro de 2011

Em 12 meses, índice que baliza as metas de inflação do governo fica em 6,59%

Clarice Spitz

RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), oficial do governo, ficou em 6,59% nos 12 meses encerrados em março e superou o teto da meta perseguida pelo governo pela primeira vez desde novembro de 2011, quando a alta acumulada do IPCA tinha chegado a 6,64%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. Por sua vez, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,60% em março, acelerando frente a fevereiro (0,52%). Em 12 meses, subiu 7,22%.

O objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo. Em março, a inflação oficial do país foi de 0,47%. Em fevereiro, o índice ficara em 0,6%. A taxa de março é o menor resultado desde agosto de 2012 quando a taxa tinha ficado em 0,41%.

O Grupo Alimentos e Bebidas passou 1,45% em fevereiro para 1,14% em março. Mesmo assim, o grupo respondeu pelo maior impacto, com 0,28% ponto percentual no mês passado. Segundo o IBGE, o IPCA de março foi influenciado pela forte desaceleração do grupo Educação, que passou de 5,4%, em fevereiro, para 0,5% erm março. Em 12 meses, os alimentos registram alta de 13,48%, com um impacto de 3,30 ponto percentual no total do IPCA que foi de 6,59%.

As principais alta dos alimentos em março ficaram com a cebola, que avançou 21,43%, seguida pelo açaí (18,31%), a cenoura, que subiu 14,96%, o feijão carioca que avançou 9,08%, a batata inglesa, com alta de 6,14% e o tomate, também com alta de 6, 14%. Em 12 meses, o tomate registra alta de 122,13% e só perde para a farinha de mandioca que subiu 151,39% na mesma base de comparação.

Segundo Eulina Nunes, gerente da pesquisa. ainda não é possível sentir de maneira clara o efeito da desoneração da cesta básica.- Algum efeito houve, mas é difícil de captar isso de maneira clara - afirma. Ela citou ainda itens que já vinham de uma trajetória de queda e que registraram deflação, como arroz, açúcar, carnes e óleo de soja. Entre os itens de higiene pessoal, a pasta de dente foi o único contemplado com a desoneração que caiu ao passar de 1,56% - 0,41%. O papel higiênico passou de 0,89% para 1,92% e o sabonete de 0,15% para 0,48%. Entre os serviços, o item empregado doméstico registrou aceleração ao passar de 1,12% em fevereiro para 1,53% em março. Foi o maior impacto individual do mês, correspondendo a 0,06 ponto percentual do índice. Cabelereiro passou de -0,27% para um avanço de 1,14%.

Sobre empregado doméstico, Eulina conta que os preços subiram por conta do aumento do salario mínimo e da questão da oferta. Em 12 meses, os empregados domésticos tem a principal alta entre os itens não alimentícios: 12%.

Já no grupo Transportes, que passou de 0,81% para uma deflação de 0,09%, o item que mais sobressaiu foi passagens aéreas, que intensificaram a queda passando de -9,98% para -16,43%. Foi o maior impacto negativo para o índice. A gasolina registrou alta de 0,09% em março e as tarifas de ônibus interestaduais intensificaram a queda. passando de -0,44% para -0,97%. Os ônibus urbanos, por sua vez, saíram de 0,62% para 0,35% e os automóveis novos perderam fôlego passando de 0,59% para 0,35%.

Os grupos Habitação e Comunicação também registraram aceleração de preços. Habitação passou de uma queda de 2,38% para um avanço de 0,51%. Enquanto o grupo Comunicação teve leve aceleração ao passar de 0,10% para 0,13%.

Emprego na indústria

O total de pessoas empregadas na indústria brasileira ficou estável (0%) em feveireiro frente ao mês anterior. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 1,2%. É o 17º resultado negativo consecutivo nessa base de comparação.

No primeiro bimestre, o emprego na indústria teve queda de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A folha de pagamento real avançou 2,8% entre janeiro e fevereiro deste ano e subiu ainda 2,5% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2012. Os dois primeiros meses do ano registram alta de 1,6% frente ao mesmo período do ano passado.

Já as horas pagas na indústria subiram 0,1% entre janeiro e fevereiro. Na comparação com fevereiro de 2012, no entanto, houve queda de 2,3% e de 1,8% no primeiro bimestre.

Chuvas e frete caro

Frete alto, chuvas prolongadas e demanda aquecida estão pressionando os preços de alimentos e mantendo-os em um patamar incomumente alto no varejo. Alguns alimentos mais do que dobraram de preço nos últimos 12 meses, como o tomate, que subiu 105,89%, e a farinha de mandioca, com alta de 140,57%, segundo dados do IBGE. Embora a inflação pelo IPCA-15 (índice que serve de prévia para o IPCA) tenha ficado em 6,43% em 12 meses terminados em março, os alimentos subiram 12,96%.

O frango inteiro passou de uma alta de 2,91%, em fevereiro, para 1,80%, em março, considerando os dados do IPCA-15, que mede a inflação entre os dias 15 de cada mês. O frango em pedaços passou de 6,87% para 2,15%. A carne de porco desacelerou de 1,75% para 0,19%. O frete de grãos subiu mais de 56% até março. Normalmente esse avanço fica entre 10% e 15%. Os produtos chamados in natura (hortaliças, legumes e frutas) sobem em razão das chuvas.

Fonte: O Globo

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