quinta-feira, 16 de maio de 2013

Aécio negocia nome de tucano paulista para secretário-geral

Objetivo é unificar partido para a convenção, mas senador prefere que escolhido não seja ligado a Serra

Diane Fernandes e Silvia Amorim

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves (MG) trabalha para chegar pacificado com os tucanos de São Paulo à convenção nacional do próximo sábado que o elegerá o novo presidente do partido. Para isso, está negociando cuidadosamente a indicação de um deputado paulista para o segundo posto mais importante da direção nacional, o de secretário-geral da legenda. Mas tem sido claro nessas conversas de que deseja um nome que represente o PSDB de São Paulo e não o ex-governador José Serra. Mesmo com essas restrições, de conhecimento do ex-governador paulista, Aécio afirma que o partido já está unificado, e que "esse retrato" se consolidará na convenção, onde é aguardada a presença de Serra.

- Não trato mais de divisão no PSDB. Isso não existe mais. Na convenção, teremos Minas e São Paulo unidos no mesmo palanque, na mesma foto. Estamos construindo a eleição de um secretário-geral indicado pela bancada da Câmara que represente o partido em São Paulo - disse Aécio na noite de anteontem, em jantar de despedida do deputado Sérgio Guerra (PE) da presidência do PSDB.

Pela tradição do partido, se o presidente nacional é um representante do Senado, o secretário-geral é indicado pela bancada da Câmara. Aécio, segundo disse, exigiu apenas que fosse um deputado de São Paulo. Mas, nos bastidores, exige também que não seja um nome ligado a Serra, pois alega precisar de um companheiro para "tocar sem problemas" o partido com ele.

O nome preferido de Aécio para ser o número dois do PSDB nacional é o do deputado federal Emanuel Fernandes, que já foi secretário do governador Geraldo Alckmin e tem boas relações com Serra. Mas o deputado, que perdeu a mulher recentemente, depois de uma dolorosa luta contra o câncer, resiste.

- Fui sondado por alguns colegas, me sinto muito lisonjeado, mas, por razões pessoais, não tenho condições de assumir nenhum cargo - disse Emanuel, ontem à tarde.

Três cotados para secretário-geral

À noite, Alckmin ainda tentaria convencê-lo a aceitar a missão. Nos últimos dias, o nome do secretário de Habitação de São Paulo, ex-deputado Silvio Torres, também passou a integrar a bolsa de apostas para o posto de secretário-geral. Mas ontem as negociações avançaram para que seja mesmo um nome da bancada de deputados federais a fim de respeitar a tradição. Dentre eles, Mendes Thame, que já foi presidente do PSDB em São Paulo, estaria com mais chances de ser o indicado, segundo líderes do PSDB em São Paulo. Outros deputados cotados são Vanderley Macris e Vaz de Lima.

O deputado pernambucano Bruno Araújo, que teve nesta semana o apoio da maioria da bancada de deputados para ocupar a vaga, foi preterido ontem. Será oferecida a ele uma outra função na Executiva nacional, provavelmente a de primeiro-secretário do partido. Aliado de Serra, o ex-governador Alberto Goldman poderá ser mantido como primeiro vice-presidente num gesto político a Serra. Aécio, segundo a avaliação interna, tem sido habilidoso nessas costuras, a despeito das restrições a um nome que represente Serra. E o próprio Serra tem sido muito ouvido, garantem tucanos.

Sobre o formato da convenção, a expectativa de Aécio e seu grupo é que não haverá surpresas nem decepções. Sérgio Guerra afirma que Serra não só participará da festa como fará discurso sobre a unidade e pontuando, principalmente, a postura de oposição do PSDB ao governo Dilma e ao PT.

- Não trabalhamos com a hipótese de o Serra não vir para a convenção. Ele virá e fará um bonito discurso. Não cabe ausência a esta altura - disse Guerra.

Na roda de amigos, durante o jantar em homenagem a Sérgio Guerra, Aécio falava da importância de "ter uma foto" com Minas e São Paulo unidos no palanque da convenção, repetindo várias vezes não ter dúvidas de que o partido sairá do encontro de sábado unificado em torno de seu comando.

- É evidente que não sou unanimidade, nem pretendia isso, mas o partido está pacificado. Agora temos outros desafios pela frente - disse, referindo-se ao figurino de presidenciável que precisa incorporar de vez, tão logo organize o partido nos estados, o que pretende fazer até meados do segundo semestre.

Figurino esse que já assumiu, segundo amigos tucanos que não o viam há algum tempo, como o governador Teotônio Vilela (AL):

- Agora, sim, estou vendo Aécio como um candidato a presidente. Agora ele incorporou sua candidatura, e tenho certeza de que dará muito trabalho à presidente Dilma.

Colaborou Isabel Braga

Fonte: O Globo

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