O governo Dilma começou o dia celebrando, reservadamente, a derrota do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, na votação da MP dos Portos. Terminou pedindo ajuda daquele que havia derrotado na tentativa de destravar a votação da medida.
A própria presidente havia festejado o infortúnio do pretenso aliado, que fracassou em sua tentativa de alterar a MP do governo. O que, na avaliação palaciana, mostrou que o "temido" Eduardo Cunha pode ser "enfrentado e derrotado".
O estado de espírito da presidente Dilma indica como havia uma disputa paralela entre os dois, que não se bicam desde o governo Lula, na apreciação da proposta que busca modernizar os portos brasileiros.
Dilma estava determinada a derrotar o líder peemedebista. Conseguiu seu objetivo, mas acabou vítima do pretenso aliado, que passou a obstruir as votações pedindo verificação de quórum e deixando o barco rolar solto. Deu o troco.
Duelo à parte, a vitória dilmista tem sua importância no xadrez palaciano, mas também evidenciou como errou a articulação política do governo ao longo do processo.
Afinal, votos para aprovar a medida, pelo visto, o Palácio do Planalto tinha, caso contrário não teria derrotado o líder do PMDB. Derrotou pois fez, na reta final, algo que só empurrou com a barriga: negociar e fazer promessas a seus aliados.
Tivesse atuado com mais competência, a votação não estaria sendo feita às pressas, com o governo buscando fazer em apenas três dias tudo o que não fez em quatro meses desde a edição da medida.
Resultado: mesmo com a ajuda de última hora do líder peemedebista, aquele que foi dado como derrotado, o governo corria o risco de não conseguir terminar a votação.
Aí, o Planalto partirá para seu Plano B. Fará a reforma dos portos por medidas administrativas --com o recado de que não irá incluir as concessões feitas nos últimos dias.
Fonte: Folha de S. Paulo
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