Um duro ataque de Eduardo a Barbosa
No encontro da Unale, governador surpreende ao destacar o papel do Legislativo e da política nos avanços do País e criticar, sem citar o nome, o presidente do Supremo
Ayrton Maciel Juliane Menezes
Depois de sucessivas defesas dos Legislativos e deputados brasileiros, o governador Eduardo Campos (PSB) fez, ontem, contundente crítica ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, acusando o ministro de ter tido uma postura respeitosa e gentil - quando foi sabatinado e aprovado pelo Senado Federal, ao ser indicado pelo presidente Lula para a Corte - e agora adotar uma atitude de ataque e desrespeito ao Poder Legislativo. "Para ser indicado ao STF, muitas vezes, alguns, na hora de ser aprovados pelos senadores, têm uma conversa, depois têm outra conversa", disparou Eduardo, sem citar o nome de Barbosa, no discurso de abertura da XVII Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), no Centro de Convenções.
Há três dias, falando a universitários, o presidente do STF acusou o Congresso Nacional de ser "submisso" ao Executivo e tachou os partidos políticos brasileiros de serem de "mentirinha". As declarações causaram a reação dos Legislativos e dos políticos a Barbosa, ontem reforçada por Eduardo. No discurso, ordenadamente construído, o governador elogiou "as conquistas sociais" do governo Lula, creditou a estabilidade financeira e o equilíbrio fiscal do País ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas não fez menção ao nome nem ao governo Dilma Rousseff (PT).
Minutos antes, em seu pronunciamento, o presidente da Assembleia de Pernambuco, Guilherme Uchoa (PDT), pediu "um novo pacto federativo" para o Brasil e destacou que o encontro da Unale é uma oportunidade para mostrar a gestão Eduardo para o País. "Pernambuco é exitoso, é exemplo. Tem uma administração eficiente com o governador Eduardo, que deu outra forma à gestão pública. Vamos mostrar o que o Estado está fazendo", disse.
O discurso do presidente do PSB e presidenciável Eduardo Campos a delegações de 20 Assembleias foi um "ode" de louvor ao trabalho do legislador em todas as regiões e o seu papel para a redemocratização do País. "Em 30 anos, o Brasil avançou de forma importante devido aos pactos sociais e políticos, gestados pelos políticos que fizeram a transição democrática. Homens e mulheres que fizeram política com P maiúsculo", elogiou.
Repetindo críticas ao desempenho tímido da economia e o desenvolvimento lento do País, intercaladas por elogios aos parlamentares, Eduardo ressaltou que o Brasil deixou de ser um País rural e sem emprego, construiu seus fundamentos macroeconômicos, porém, precisa trabalhar com planejamento. "Até os anos 80, fomos um dos três países (do mundo) que mais cresceram. Saímos do Brasil rural e sem emprego e fizemos os fundamentos macroeconômicos para pensar a longo e médio prazos. Quem possibilitou isso foi a vontade política. Precisamos (agora) de largueza política, entender que a sociedade não quer mais o discurso de quem fez mais, o discurso do que só presta o que eu fiz, e não que o outro fez", assinalou sob aplausos.
Saudações enfáticas ao governador
Presença anunciada, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) cancelou a vinda para o encontro da Unale. A pedido da presidente Dilma Rousseff, Temer - segundo justificativa oficial - iria comparecer ao sepultamento do diretor do jornal O Estado de S.Paulo, Ruy Mesquita. Na primeira reunião, 17 presidentes de Assembleias aclamaram o pernambucano Guilherme Uchoa (PDT) como novo presidente do Colegiado de Presidentes das Assembleias Legislativas.Durante a reunião, o colegiado recebeu o governador Eduardo Campos (PSB), sendo saudado pelo até então presidente do órgão, Diniz Pinheiro (PSDB-MG), que aproveitou para reconhecer a gestão de Eduardo e ressaltar o reconhecimento de Minas Gerais. "Nosso senador Aécio Neves tem apreço especial por você (sic) e Minas lhe tem carinho especial. Minas também teve uma gestão especial (a de Aécio). Pernambuco cresce como Minas", elogiou.
Um dos maiores aliados de Eduardo, Guilherme Uchoa - seguindo Diniz - deixou para a abertura as palavras mais elogiosas à gestão Eduardo e as críticas mais duras à presidente Dilma (PT). "Pouco investimento na saúde, educação e segurança. A União fica com 70% dos impostos, Estados e municípios com 30%. O Brasil não pode continuar assim", disse.
O vice-governador João Lyra Neto (PDT) revelou, em discrição, que tem multiplicado conversas para assegurar a manutenção da Frente Popular em 2014. "Eu sou um facilitador. Deixo o PDT e vou para o PSB ajudar a Eduardo (ser a alternativa)".
Eduardo fala sobre pacto hoje
As atividades da XVII Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais continuam hoje com palestras do governador Eduardo Campos, do prefeito Geraldo Julio (ambos do PSB) e da jornalista Cristina Lôbo. Em sua participação, às 14h, o governador abordará o equilíbrio federativo e o desenvolvimento sustentável. Já Geraldo Julio, apesar de a solenidade ter caráter nacional, abordará o tema O Recife que queremos para o futuro.A palestra de Cristina Lôbo será às 9h e terá como tema A economia globalizada e seus efeitos na política internacional. O dia será encerrado com um jantar de confraternização, às 21h, na Arcádia Apipucos.
Amanhã, às 9h30, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas Ricardo Nicolau dá início à rodada de palestras, abordando a gestão legislativa, num momento em que há muita cobrança sobre transparência nos gastos e no acesso às informações públicas.
Às 11h, será feita a eleição e posse da nova diretoria da União Nacional dos Legisladores e Legislativos (Unale) para o biênio 2013/2014, onde os deputados estaduais Venâncio Fonseca (PP-SE) e Sérgio Leite (PT-PE) serão aclamados, respectivamente, como presidente e vice-presidente. Conforme tradição da entidade, no segundo ano de mandato os parlamentares trocam os cargos entre si. Ou seja, Leite passará para a presidência do órgão. O petista será o primeiro pernambucano a ocupar o cargo máximo da Unale
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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