Política nunca foi ciências exatas, preto no branco. Ao revelar no programa Dossiê GloboNews, que foi ao ar no final de semana pela canal de TV Globo News, que não pretende mais concorrer à reeleição em 2014, o senador Pedro Simon (PMDB) estava, sim, falando a verdade. Mas, como todo político experiente, suas declarações também precisam ser lidas nas entrelinhas.
Com 83 anos, 60 de vida pública, um mandato de governador e quatro de senador, Simon sabe que não tem mais o mesmo vigor para disputar a vaga dentro do PMDB e que outros nomes estão pedindo passagem. Portanto, não brigará por um novo mandato. Agora, isso não significa que, se vier a ser conclamado candidato de consenso, ele não possa aceitar mais este desafio. São as nuances da política.
A seguir, a síntese da entrevista concedida ontem a ZH por telefone:
ZH – A decisão de não concorrer mais depois que terminar o mandato de senador é para valer?
Pedro Simon – Estou no comando do MDB a vida inteira. Minha característica sempre foi a de brigar para trazer pessoas, desenvolver quadros. Trouxe para a política o Paulo Brossard, o Synval Guazzelli, o Nelson Jobim... Uma infinidade de gente. No meu caso, é mais do que normal. Faço 85 anos no dia em que encerro meu mandato de senador (em 31 de janeiro de 2015). Meu primeiro objetivo é fazer aniversário e completar o mandato. O resto é o resto. Sessenta anos de vida pública é razoável. Está, sim, no meu projeto continuar ajudando, colaborando. Até não entendi por que tanta repercussão com essas minhas declarações (ao programa Dossiê GloboNews), tenho falado isso para todo mundo no partido. Mas também não estou fechando a porta. Não estou é pleiteando qualquer cargo. Temos é que escolher o melhor.
ZH – O senhor não está fechando a porta?
Simon – Não estou dizendo que amanhã não posso ser candidato. Eu estou é fechado, ninguém vai disputar com o Simon (a vaga de candidato a senador).
ZH – Mas se o senhor for o único nome capaz de unir o partido, significa que pode vir a concorrer novamente?
Simon – Diria que não. Não tem por que acontecer isso. Se acontecesse eventualmente... Diria que já fiz sacrifício pior.
ZH – Qual foi o pior sacrifício?
Simon – Aguentar a ditadura, presidir um partido em plena ditadura. O MDB do Rio Grande do Sul tem uma história particular. Ainda vou escrever um livro sobre isso. A política gaúcha tem uma das páginas mais bonitas da política brasileira. Modéstia a parte, eu participei dela.
ZH – Se o senhor não concorrer, quem deve ser o candidato?
Simon – A posição do partido é tranquila. Nomes nós temos: Germano Rigotto, José Fogaça, Mendes Ribeiro, o José Sartori, Ibsen Pinheiro. Acrescento nessa lista um outro nome, o Paulo Ziulkoski (ex-prefeito de Mariana Pimentel e atual presidente da Confederação Nacional de Municípios), que tanto pode ser candidato ao Senado quanto ao governo.
ZH – E para governador, qual nome se impõe no PMDB?
Simon – Esses mesmos nomes. O fato é que, por enquanto, existem dois nomes postos: o de Tarso Genro (atual governador e provável candidato à reeleição pelo PT) e o de Ana Amélia Lemos (senadora e nome mais forte do PP para a disputa). O MDB terá candidato próprio. A diferença que está havendo em relação às eleições anteriores é que ninguém está querendo bater na mesa: "Sou eu o candidato". O Estado está numa situação tão difícil, frágil que ser governador virou mais uma missão a ser cumprida do que qualquer questão de vaidade. É diferente de São Paulo, Minas, Paraná, Pernambuco, Estados que estão vivendo uma economia forte.
Fonte: Zero Hora (RS)
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