Pois bem, o que era dito à boca pequena passou, de repente, a ser falado às claras e diretamente para Dilma Rousseff. Algo inimaginável meses atrás, dado o temor que a presidente desperta nos subordinados e aliados.
Parece que a fragilidade atual do governo criou coragem em ministros e petistas que, na semana passada, sapecaram críticas na direção da presidente. Desceram a lenha, com gosto, na articulação política e na condução da economia.
O fato é que fala mais alto o instinto de sobrevivência. O retrato do momento mostra um governo acuado e enfraquecido, com a base aliada em pé de guerra. Daí o medo de que, se o barco não mudar de rumo, todos possam naufragar juntos.
Em momentos com esse, primeiro surgem as críticas de auxiliares e aliados, com pedidos urgentes de correção de rumo. A turma deixa de insinuar e dá o recado direto ao mandatário. Estamos nesta fase do jogo da manutenção do poder.
A fase dois depende do que a chefe fizer para mudar o clima geral. Se for criada a sensação de que o titanic palaciano segue na direção do naufrágio, o desembarque, já analisado nos bastidores, pode começar mais cedo do que se imagina. As conversas de aliados com a oposição, por sinal, já recomeçaram.
No meio desse temporal, Dilma passa a impressão, segundo auxiliares, de que retomou o controle da situação, depois de ter ficado perplexa, atônita e acuada com a onda de protestos e o tombo nas pesquisas.
Pressionada, resiste a fazer trocas na equipe que ela mesma considera necessárias. E aposta numa recuperação da economia neste segundo semestre do ano. Algo posto em dúvida até por subordinados.
Afinal, do lado de fora e de dentro do governo, a avaliação é de fadiga de material e de necessidade de reparos no navio. O risco é a comandante não querer enxergar os perigos pela frente. Algo já diagnosticado por gente próxima a ela.
Fonte: Folha de S. Paulo
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