Executivo da Siemens relatou, por e-mail, conversa com o tucano
SÃO PAULO - Após a informação de que o esquema de cartel nos contratos do metrô atingiu o primeiro ano de seu governo - além das administrações também tucanas de Geraldo Alckmin e Mario Covas -, o ex-governador de São Paulo José Serra contestou ontem a informação de que sugerira a um executivo da Siemens um acordo para que uma disputa entre empresas não prejudicasse uma licitação na Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM). Segundo o jornal "Folha de S. Paulo" de ontem, que teve acesso a e-mail do funcionário da Siemens, Serra teria avisado a ele que cancelaria a licitação vencida pela CAF (concorrente da Siemens) se a empresa fosse desqualificada.
Segundo o e-mail, Serra "consideraria" outras soluções para evitar atraso na entrega. Uma delas seria um acordo com a CAF, que destinaria à Siemens 30% do contrato. O executivo teria se encontrado com Serra num evento em Amsterdã, na Holanda, em 2008. Em nota, o tucano negou a conversa com o funcionário da Siemens e listou fatos que, para ele, questionam informações contidas no e-mail, que chamou de "absurdas".
Serra disse que, "na data da troca de e-mails dos executivos da Siemens, a licitação já havia sido concluída, e a Siemens já havia recorrido à Justiça e ao Banco Mundial para anular o pleito". Portanto, segundo ele, "não faria sentido propor que a Siemens fizesse acordo com a vencedora CAF".
Alckmin cria grupo com OAB
Segundo Serra, a licitação para a compra dos trens foi conduzida pelo Banco Mundial (Bird), com regras rígidas. "Só o Bird poderia cancelar ou suspender a licitação contestada pela Siemens". Serra disse ainda que "o governo defendeu na Justiça a licitação, contra ação movida pela Siemens" e que a empresa não fez outros contratos com o governo, o que descarta a possibilidade de ela ter sido "compensada pela perda da licitação do metrô".
Em reação às denúncias, o governador Geraldo Alckmin criou um grupo para apurar casos desse tipo. Foram convidados representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da ONG Transparência Brasil e do Instituto Ethos, entre outros. O anúncio da criação do grupo foi a forma que o governo paulista encontrou para dar uma resposta à sociedade, depois que as denúncias vieram à tona, envolvendo funcionários de diferentes escalões. Alckmin teria sido orientado não só pela cúpula do governo, mas também por dirigentes do PSDB, para envolver ao máximo integrantes da sociedade no trabalho de apuração das irregularidades.
Fonte: O Globo
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