A onda está mudando? Dilma está saindo do sufoco?
É cedo para certezas, mas há forte empenho nessa direção e os ventos, que sempre interferem nas ondas, parecem mais favoráveis a ela.
Desde que sua popularidade começou a cair por causa da economia --e depois despencou, com os protestos--, a presidente não sai da TV, do rádio, dos jornais, da internet, ocupando todos os espaços que a oposição não tem como disputar.
As guerras da presidente parecem bem marqueteiras: são polêmicas e geram reações, mas têm ressonância na maioria da população --ou do eleitorado--, que aprova um plebiscito, a reforma política, os royalties para a educação e a queda de braço com os médicos para que mais municípios sejam atendidos. Boas causas.
Dilma também passou a conversar (dizem que está até aprendendo a ouvir) com o PMDB e os partidos aliados. Essa é sua prioridade, já que o PT vem por gravidade. Sua alternativa é apoiar Dilma ou apoiar Dilma.
Ela até liberou uma bolada para os parlamentares e, como é melhor ceder do que ser derrotada, negocia ajustes no projeto do Orçamento impositivo, pelo qual os deputados e senadores estabelecem suas emendas e o governo tem de cumprir.
Ao mesmo tempo, começa a ser interrompida a sequência, que parecia interminável, de notícias ruins na economia. Em vez de "o pior em duas décadas" e o "mais baixo em tantos anos", há índices mais tranquilizadores. O IPCA (um dos indicadores de inflação) ficou perto de zero em junho, o preço da cesta básica também caiu por todo lado e a produção industrial subiu em 10 das 14 capitais pesquisadas.
Para completar, os protestos das ruas refluíram de um lado e a rede da internet recrudesceu de outro, querendo arrancar o sangue dos tucanos no escândalo da Siemens.
Não se sabe o que acontecerá com os ventos e com Dilma nas próximas pesquisas, mas a mudança de clima na política já dá para sentir.
Fonte: folha de S. Paulo
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