Os petistas já começaram a comemorar a primeira década do Bolsa Família; os tucanos vão celebrar, no próximo ano, o 20º aniversário do Plano Real. No imaginário político, mas não apenas nele, são as principais marcas e legados das legendas que encabeçaram a disputa pelo poder no período.
Tanto num caso como no outro, foram os programas que encontraram os partidos, ajudados pelas circunstâncias. Nem o plano de estabilização monetária nem a transferência direta de renda a famílias constavam das plataformas do PSDB e do PT --eles estavam no lugar certo e na hora da necessidade.
Os tucanos eram pouco mais que uma confraria paulistana de políticos de boa reputação, vínculos acadêmicos e votos escassos, cujo único governador, até o lançamento da nova moeda, era Ciro Gomes, do Ceará (a história posterior se encarregaria de mostrar que se tratava de um total estranho no ninho).
Os petistas compunham uma frente heterodoxa de sindicalistas, antigos militantes de grupos de extrema esquerda, facções da Igreja Católica e alguns prefeitos e governadores, unidos em torno de uma promessa --ou ameaça-- de ruptura da ordem social e econômica.
Quando FHC foi parar na Fazenda (na quarta escolha de Itamar Franco para o cargo), domar a inflação com dólar barato e juros altos era a estratégia em voga. Quando Lula finalmente chegou ao Planalto (em sua quarta tentativa), sua proposta de erradicar a fome com distribuição de comida havia saído de moda.
Os resultados obtidos pautaram os governos nos anos seguintes. A necessidade de preservar a solidez da moeda e a queda da miséria restabeleceram a racionalidade administrativa e frearam aventuras populistas.
Não é pouco. Num país em que programas de governo são elaborados por marqueteiros, o Bolsa Família, 10, e o real, quase 20, são exemplos de êxitos menos efêmeros.
Fonte: Folha de S. Paulo
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