Executiva do PDT queria que ministro do Trabalho e partido deixassem governo
BRASÍLIA -- Ao final de duas horas de explicações à presidente Dilma Rousseff, sobre o envolvimento e prisão de integrantes de sua equipe, o pedetista Manoel Dias deixou o Palácio do Planalto ontem a noite ainda como ministro do Trabalho. Ele foi chamado pela presidente depois de outras reuniões com as ministras Ideli Salvatti, de de Relações Institucionais, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, para prestar contas sobre as denúncias de desvio de dinheiro público nos convênios geridos pelo ministério, apontadas pela Operação Esopo da Polícia Federal.
Em reunião da Executiva do PDT, vários companheiros de Manoel Dias defenderam a entrega do cargo e rompimento com o governo. Mas o presidente do partido, Carlos Lupi, não deixou a ideia ir adiante, Apesar do desgaste com o novo escândalo, Dilma não quer abrir mão do apoio do PDT a sua reeleição no ano que vem, empurrando o partido para os braços dos adversários.
Avaliação de fontes do Planalto é que, apesar dos respingos dos escândalos na autoridade do ministro, ainda não surgiu fato concreto que o comprometa.
— Quando Lupi saiu e foi substituído por Brizola Neto, que não tem o comando do partido, todo mundo viu que a relação com o partido piorou muito — disse uma fonte.
No momento, a orientação é evitar colocar mais lenha na fogueira e, nesse sentido, Brizola Neto confessou a amigos próximos que recebeu recado para evitar declarações bombásticas. Ele foi convidado a ir hoje até Brasília para se reunir com o chefe de gabinete da presidente, Giles Azevedo.
Em reunião tensa, Lupi, fez prevalecer sua posição na Executiva Nacional do partido de que é preciso manter o PDT no governo Dilma e também o Ministério do Trabalho. No entanto, parlamentares defenderam a saída do PDT do governo como forma de mostrar que o partido quer as investigações das denúncias envolvendo assessores de Dias, mas prevaleceu o argumento de Carlos Lupi de que deixar o governo seria assumir que as denúncias são verdadeiras.
O debate foi acalorado, e Lupi disse que não aceitava a proposta, enquanto o ministro Manoel Dias disse que faria o que partido quisesse.Vice-presidente do PDT, o deputado Vieira da Cunha (RS) defendeu a saída do PDT. Mas disse que a maioria aceitou como argumento mais forte que isso seria admitir responsabilidade nas denúncias. Ele afirmou ainda que, apesar de querer que o partido deixe os cargos, tem total confiança em Manoel Dias, o que foi reiterado no encontro.
— Minha posição é que chegou a hora de o PDT dar a demonstração de que não temos apego a cargos, que não apoiamos a Dilma em função de um toma lá dá cá e que o PDT quer que as denúncias sejam apuradas e que seja punido quem teve desvio de conduta disse Vieira da Cunha, que contou que o deputado André Figueiredo (CE), líder do partido da Câmara, e o deputado Enio Bacci (PDT- RS) também defenderam a saída do governo.
Fonte: O Globo
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